Foge da minha capacidade de compreensão.
Que leva um homem de 93 anos como Hélio Bicudo a agir como um garoto irresponsável?
Anciãos costumam levar concórdia onde há conflito. Com seu extemporâneo e ridículo pedido de impeachment de Dilma, Bicudo está levando mais conflito onde já existe conflito em doses brutais.
A discórdia se instalou até em sua própria família. Uns filhos se disseram contra, e uma única filha apoiou o pai com aquele habitual blablablá de corrupção.
Repitamos sempre: o problema número 1, 2 e 3 do Brasil é a desigualdade social. A direita predadora fala tanto em corrupção — não a dela, naturalmente — para desviar a atenção do câncer que é a iniquidade social.
E Bicudo adere ao coro dos insensatos ou espertalhões.
É como se Kim Kataguiri tivesse encarnado em Bicudo, e dali brotasse Kim Bicudo ou Hélio Kataguiri.
Nada contra velhos na política.
Alguns deles trazem lições formidáveis aos moços. O Papa Francisco é um caso. Pepe Mujica, outro.
Mas Bicudo podia ter passado sem essa.
Você pode ser tentado a achar que ele passou todos estes anos desde que se retirou da vida pública lendo a Veja e os editoriais do Estadão.
Sua petição já nasce morta: Dilma vai até 2018. O Brasil não vai recuar ao estágio de Republiqueta por causa dos maus perdedores e dos trapaceiros habituais.
Sobrará do episódio apenas uma mancha de óleo na biografia de Bicudo.
Bicudo chegou tarde, e mal, à discussão do impeachment.
Não consta que, em sua longa carreira política, ele tenha cometido alguma barbaridade.
Agora, a caminho dos 100 anos, cometeu uma que vale por muitas.