A socióloga Maria Alice Setúbal, 70 anos, a Neca Setúbal, presidente do Conselho da Fundação Tide Setúbal e uma das herdeiras do grupo Itaú, foi uma das signatárias da carta em defesa da democracia organizada pela Faculdade de Direito da USP.
Em entrevista ao Estadão, ela comentou sobre uma possível vitória de Lula nas eleições.
Acredita que o empresariado vai defender o resultado das urnas se elas derem a vitória ao ex-presidente Lula que, em tese, não é apoiado pelo mercado?
É disso que se trata. Eu fico muito satisfeita em ver como vários empresários de peso têm assinado de forma individual a Carta aos Brasileiros e às Brasileiras. Isso é uma demonstração de que talvez a maior parte dos empresários que têm influência no País, gostem ou não, vai defender o resultado das urnas. Para mim, essa é uma sinalização fundamental, porque a sinalização das organizações da sociedade civil já está dada desde o primeiro dia do governo Bolsonaro. A entrada de grupos empresariais, de advogados e de juristas nesta defesa é o salto que a gente precisava. Foi meio tarde, mas em tempo ainda. (…)
Com exceção do presidente Bolsonaro, a senhora vê no discurso dos demais presidenciáveis a defesa necessária da democracia?
Sim. Lula, Ciro Gomes, Simone Tebet e Luiz Felipe d’Avila, por exemplo, são contundentes na defesa da democracia, o que é fundamental. Estamos num momento crucial no Brasil hoje, por isso considero fundamental esses posicionamentos públicos. É difícil vermos os empresários brasileiros se manifestando, por exemplo.
Acha que essa participação social veio para ficar?
Eu tenho certeza que as entidades e as organizações da sociedade civil acordaram e viram que, independentemente do resultado da eleição, essa extrema-direita vai continuar muito ativa e que, portanto, vamos ter um trabalho muito grande, se o Bolsonaro não for reeleito, no processo de reconstrução do País.
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