É conhecida a frase de Nelson Rodrigues segundo a qual “o dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro”.
O poder também.
Acredito, como um escritor sentimental, no amor sincero. Mas suponho que não foi apenas a beleza carismática de François Hollande que atraiu a atriz francesa Julie Dayet.
E imagino que ele saiba disso, homem inteligente que é.
Não consigo condená-lo. A única pessoa que pode fazê-lo, sem cair no ridículo, é a mulher de Hollande. E isto caso ela não tenha, com o tempo, se transformado numa irmã para ele.
Poucas coisas, se alguma, são mais estressantes que presidir um país. Você se livra de um problema apenas para colidir com dois outros novos.
Num mar de aflições, como resistir à contrapartida de alegria representada por uma mulher bonita como Julie? É a chamada justa recompensa. O sexo é a melhor resposta para a exaustão, para o desespero, para a perplexidade, para o tédio — coisas que fazem parte da rotina presidencial.
Mas ele já tem uma mulher bonita, você pode dizer. Pois você deveria ler as reflexões filosóficas e amorosas de Schopenhauer. O homem é, historica e biologicamente, fascinado por um corpo novo, notou Schopenhauer.
Valerie, a titular, deve estar furiosa. Com razão. Provavelmente vai fazer o que fez a mulher de DSK, o francês que na presidência do FMI pegava mulheres de todas as nacionalidades.
Passado um tempo, adieu. E talvez um livro de memórias para esculhambar o ex-marido e ganhar alguns francos, ou melhor, euros. (Estou meio desatualizado em relação à economia francesa.)
Mas atire a primeira pedra em Hollande quem, depois de jornadas duras e extenuantes, não sonha com a recompensa sublime, ainda que fugaz, de um corpo lindo de mulher?