Uma zapeada no canal no YouTube do novo Ministro da Educação do Governo Bolsonaro, o pastor Milton Ribeiro, é um verdadeiro suco de Brasil da “Nova Era”.
Nos vídeos, que mais parecem discursos proféticos da teocracia da morte que a nação se tornou, o pastor que acabou de ser indicado por Jair Bolsonaro para Ministro da Educação defende, entre outras atrocidades, que crianças devem ser educadas “na dor”:
“Não dá para argumentar de igual para igual com criança, senão ela deixa de ser criança. Deve haver rigor, severidade. Vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim: deve sentir dor”, diz em uma das pregações filmadas e postadas na internet.
Paulo Freire chora.
Além de pastor, esse ser esdrúxulo é também – pasmem – professor.
Não apenas as igrejas evangélicas, onde a ignorância foi sempre muito lucrativa, mas também nas salas de aula, nas instituições, nos ministérios, há um surto cada vez mais nítido de gente como Milton Ribeiro, que confundem tortura com educação e acham que feminicídio tem a ver com paixão, e não com violência.
Em outro vídeo, também em circulação nas redes, o pastor Milton Ribeiro afirma que um homem de 33 anos que matou uma adolescente de 17 “confundiu paixão com amor”.
“Acho que esse homem foi acometido de uma loucura mesmo e confundiu paixão com amor. São coisas totalmente diferentes. Ele, naturalmente movido por paixão, paixão é louca mesmo, ele então entrou, cometeu esse ato louco, marcando a vida dele, marcando a vida de toda família. Triste”, disse ao tentar justificar o crime (veja abaixo).
Afora o fato de esta afirmação não fazer o menor sentido, o que é realmente triste é que o debate sobre violência de gênero no Brasil seja ainda tão rasteiro a ponto de se admitir que feminicídio seja justificado com paixão ou loucura – um país onde falar de violência estrutural é piada, mas dizer que um homem “naturalmente” confundiu paixão com amor e matou uma jovem de 17 anos é aceito como normal.
“Ela pode ter dados sinais a ele que estava apaixonada ou coisa do tipo e que ela aprendeu, está acostumada a passar, e o cara entendeu assim, só que não era nada daquilo. E a criança pode fazer isso. E o cara, o pedófilo está pensando que a criança está querendo alguma coisa com ele, mas o que ela está fazendo é uma replicação daquilo que ela vê de maneira indevida na tevê aberta”, afirmou.
Uma só pergunta me ocorre:
Quando foi que naturalizamos a apologia à pedofilia na sociedade brasileira? Será que foi quando precisamos engolir um deputado-pastor no Congresso, ou antes, quando a “cultura da novinha” começou a ser considerada normal e aceitável?
O mais revoltante – se é que ainda cabe alguma revolta, a essa altura – é saber que esses conservadores que buscam justificar e indulgenciar pedofilia são os mesmos que acusam a esquerda de sexualizar crianças com narrativas ridículas envolvendo mamadeiras de piroca.
Enquanto a indústria de fake news dá conta de transformar figuras como Jean Wyllys em pedófilos, os verdadeiros apologistas e justificadores da pedofilia, que defendem a sexualização precoce de crianças e métodos educacionais violentos, estão sendo congratulados e indicados para o MEC.
A institucionalização da barbárie, que começou há algum tempo, toma cada vez mais forma.
E se há algo mais absurdo do que um apologista da pedofilia no Ministério da Educação, é o fato de a direita conservadora brasileira, esse antro de imoralidade, deseje ainda parecer bela e moral.
A história não esquecerá que este governo é imoral, anti-ciência, anti-educação, anti-criança e anti-Brasil.
Em 2013, o novo Ministro da Educação definiu assim o caso de um homem de 33 anos que matou uma adolescente de 17 por querer um relacionamento com a menor de idade:
“Ele confundiu amor com paixão” pic.twitter.com/kFKb0fz99K— Samuel Pancher (@SamPancher) July 10, 2020