O desembargador Fernando Quadros, novo presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), proferiu um discurso durante sua cerimônia de posse no último sábado, com gestos simbólicos em direção à classe política e indiretas a Sergio Moro. O TRF-4 é responsável por decisões relacionadas à Operação Lava-Jato em segunda instância e por referendar ou não despachos da 13ª Vara Federal de Curitiba, anteriormente comandada por Moro.
“A imparcialidade não precisa ser lembrada, pois já está enraizada no caráter daqueles que optam pela magistratura”, afirmou Quadros em seu discurso. Com informações de Bela Megale, em O Globo.
Além disso, o desembargador mencionou nominalmente os advogados de defesa de Lula, Manoel Caetano e Luiz Carlos Rocha, que o acompanharam durante o período em que esteve preso em Curitiba. O presidente do TRF-4 os chamou de “amigos há mais de 40 anos”.
“Acredito que a classe política, como depositária do voto popular, merece nosso respeito e deve fazer as escolhas fundamentais. O Judiciário deve ser discreto e agir apenas quando solicitado. Esses são os ideais que defendemos”, disse o magistrado, fazendo um gesto direto à classe política.
Quadros é conhecido por suas posições garantistas no campo penal e por estar mais alinhado à esquerda em questões de direitos sociais. Além disso, ele tem uma boa relação tanto no meio político quanto no judiciário. Entre os presentes em sua cerimônia de posse estavam o governador do Paraná, Ratinho Jr, e o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR).
Fernando Quadros também expressou seu agradecimento aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e Dias Toffoli, à presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza, e ao ministro Luís Felipe Salomão, que estavam presentes na cerimônia realizada em Porto Alegre.
A ascensão de Quadros à presidência do TRF-4 é vista no meio jurídico como uma mudança significativa na postura lavajatista que dominou o tribunal durante o período em que Moro atuou como juiz em Curitiba, quando quase todas as suas decisões eram confirmadas em segunda instância.