Acabei de ler o pedido do presidente Bolsonaro pede a suspeição do ministro Alexandre Moraes e chego a algumas conclusões:
1. O presidente usa o pedido de impeachment como instrumento recursão para contestar as decisões do ministro, o que é absolutamente incabível.
2. A alegação de que o ministro proferiu julgamento na causa em que é suspeito, é descabida porque não configuradas as hipóteses de suspeição que são aquelas listadas na lei.
3. A alegação de quebra de decoro por atentar contra a liberdade de expressão nem merece maior reflexão, posto que não pode o indiciado alegar quebrar de decoro por conta do seu indiciamento. O presidente terá o contraditório e a ampla defesa pra mostrar que não cometeu crime.
Leia também
1- Pacheco joga água em chopp de presidente sobre impeachment de ministro: “Não contem comigo”
2- STF emite nota contra pedido de impeachment de ministro
3- Senado quer vingar ministro em Aras e Mendonça
Bandeira da militância
A fragilidade técnica da peça do pedido de impeachment deixa claro que nessa atitude está apenas o desejo de criar uma nova bandeira mobilizadora para sua militância, após a derrota do voto impresso.
Resta ainda o risco do presidente estabelecer na peça, por suas desencontradas e subjetivas alegações, fundamentos que justifiquem a abertura do seu próprio impeachment.
Dito isso, o melhor caminho é deixar a turma falando só sobre isso e colocar no centro da política o desemprego, a fome, a inflação e os juros. Afinal, é isso que importa pro país.
Texto originalmente publicado no Twitter de Marcelo Ramos)