“Inaceitável”, diz Cappelli sobre uma facção cometer e solucionar um crime

Atualizado em 6 de outubro de 2023 às 11:55
O interventor federal, Ricardo Cappelli, durante entrevista coletiva para detalhar o plano de segurança para manifestações previstas do Distrito Federal.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Cappelli, expressou nesta sexta-feira (6/10) que é “inaceitável” que uma organização criminosa cometa um crime e, posteriormente, assuma a resolução do mesmo.

Cappelli fez essa afirmação em uma entrevista à GloboNews, antes de uma reunião com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para discutir o assassinato a tiros de três médicos na Barra da Tijuca na madrugada de quinta-feira (5/10).

Ele enfatizou que o Brasil possui leis e um Estado de Direito que devem ser respeitados. Ele destacou que não é aceitável a ideia de que organizações criminosas possam determinar a solução de crimes. Ele reiterou que a situação não representa uma “lei da selva” e que a investigação continuará.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou, na noite de quinta-feira, os corpos de quatro suspeitos de terem executado os médicos. Investigadores sugerem que o Comando Vermelho (CV) teria ordenado a eliminação dos executores após um “tribunal do crime”. Dois dos quatro suspeitos foram identificados como Philip Motta e Ryan Nunes de Almeida.

As autoridades do Rio de Janeiro se comprometeram a resolver o crime o mais rápido possível. Os médicos serão sepultados em São Paulo e na Bahia. Segundo informações da polícia, Philip Motta, também conhecido como Lesk, seria membro do Comando Vermelho (CV) e estava envolvido com facções ligadas ao tráfico e a assassinatos no Rio de Janeiro.

Philip Motta Pereira, conhecido Lesk e Ryan Soares de Almeida, suspeitos da morte dos médicos no Rio. Reprodução

Ryan Nunes de Almeida, o segundo suspeito identificado, era membro do grupo liderado por Motta, conhecido como “Equipe Sombra”. A investigação aponta que o médico Perseu Ribeiro Almeida pode ter sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.

Cappelli já tinha uma viagem planejada ao Rio para discutir a atuação da Força Nacional no estado, mas sua agenda foi ampliada após os assassinatos dos médicos. Ele mencionou que o presidente Lula determinou o apoio da Polícia Federal (PF) na investigação dos homicídios. Um dos médicos assassinados era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP).

Os médicos foram mortos enquanto bebiam cerveja em um quiosque na beira da praia, surpreendidos por homens armados com fuzis que dispararam mais de 30 vezes. As vítimas fatais foram os médicos Marcos Corsato, Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida, enquanto Daniel Sonnewend Proença ficou gravemente ferido e foi hospitalizado.

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