Publicado originalmente no site De Olho Nos Ruralistas
POR POLIANA DALLABRIDA
Ribeirinhos e indígenas acusam a polícia do Amazonas de espalhar o terror nas comunidades às margens do Rio Abacaxis, nos municípios de Nova Olinda do Norte e Borba, ao sul de Manaus. Entre os dias 4 e 12 de agosto, 50 agentes das forças de segurança do estado fizeram uma operação na região depois que dois policiais militares foram mortos, no dia 3 de agosto, supostamente em uma emboscada de traficantes de drogas.
Desde então, ao menos três ribeirinhos e dois indígenas foram mortos (o corpo de um deles ainda não foi encontrado). Segundo os moradores, nenhuma das vítimas tinha ligação com o homicídio dos policiais. Na operação, outras cinco pessoas ficaram feridas e cinco estão desaparecidas. Na última segunda (17), 54 organizações, como a Articulação das CPTs da Amazônia e várias unidades da Comissão Pastoral da Terra, denunciaram publicamente a ação violenta da polícia militar na área.
Intimidação de moradores, incluindo crianças e idosos, invasão de casas sem autorização ou mandado judicial, apreensão de celulares usados para filmar os abusos, proibição de circular pelo rio, tortura, queima de casas e execuções estão entre as denúncias feitas pelos moradores da região.
EMPRESÁRIO PESCAVA SEM AUTORIZAÇÃO E INICIOU CONFLITO
A ofensiva da PM na região começou depois que o empresário Saulo Moyses Rezende da Costa, então secretário-executivo do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza do Governo do Amazonas, foi baleado no ombro ao tentar pescar sem autorização às margens do Rio Abacaxis, no dia 24 de julho. A região abriga ribeirinhos e camponeses, que vivem nos Projetos de Assentamento Extrativista (PAEs) Abacaxis I e II, e indígenas do povo Maraguá da aldeia Terra Preta, reivindicada como de ocupação tradicional.
Saulo Rezende da Costa é dono de uma pousada em Itacoatiara, na região metropolitana de Manaus, que recebe turistas para a pesca esportiva. Ele também é sobrinho do presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o desembargador Domingos Jorge Chalub. Em dezembro de 2013, Costa foi preso por desacato ao ser parado em uma blitz da PM.
Segundo relatos de policiais militares, Costa deu uma carteirada nos agentes após ser constado que o nível de álcool em seu sangue estava acima do permitido. Foi quando afirmou que não poderia ser preso porque era conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e sobrinho do desembargador Chalub. Na ocasião, Costa foi preso e solto após o pagamento de fiança.
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