O indigenista Bruno Pereira, que está desaparecido desde o dia 5 de junho na região do Vale do Javari, divulgou um vídeo antes do seu sumiço denunciando os perigos que há na Amazônia. Ele explicou que há grupos criminosos que ameaçam povos indígenas e atacam pessoas que defendem a floresta. A informação é do Fantástico.
“Meu nome é Bruno Pereira, sou servidor da Funai licenciado e ex-coordenador geral de Índios Isolados de Recente Contato do órgão, com atuação por aproximadamente dez anos na terra indígena Vale do Javari. O primeiro passo é conseguir dar proteção ao território. É conseguir que se retire desse território qualquer tipo de invasor, e pessoas não autorizadas não ingressem nessa região”, contou Bruno.
O vídeo, gravado durante a pandemia, não havia sido divulgado. Ele gravou o conteúdo porque estava preocupado com a presença de invasores, colocando em risco a segurança dos indígenas que vivem na região.
Bruno trabalhava no Vale do Javari a maior parte do tempo, local onde os indígenas viviam para escapar das doenças e violência. No entanto, nos últimos anos, a floresta vem sendo atacada por criminosos.
Em 2019, ocorreu a última grande operação conjunta da Funai, Ibama e da Polícia Federal. Bruno era o coordenador de Índios Isolados. Depois desta ação, ele acabou sendo exonerado do cargo e pediu licença sem remuneração. A partir daí, passou a ajudar no combate as ameaças pelo grupo União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.
Um documento assinado por servidores da Funai, enviado para a Defensoria Pública da União, ainda em 2019, escancaram a falta de segurança no local. Os funcionários públicos sofreram uma série de ataques com armas de fogo. Mesmo assim, não houve nenhuma ação para garantir a segurança desses servidores.
Um desses ataques resultou na morte do indigenista Maxciel Pereira dos Santos. Até hoje ninguém foi preso.