A inflação afetou a capacidade de compra e provocou uma grande perda de conquistas no consumo dos brasileiros desde o Plano Real. Nos últimos meses, 73,1% dos consumidores deixaram de comprar carne, quase 10% cortaram iogurte, queijo, laticínios e bebidas alcoólicas e perto de 6% não levaram para a casa biscoito e feijão, alimento básico, segundo a pesquisa do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), feita pela JFP Consultoria e obtida pelo Estadão.
O mês de março teve a maior marca de inflação em 28 anos, com 1,62%. Nos últimos 12 meses o aumento de produtos e serviços foi de 11,30%. A inflação das famílias mais pobres avança 1,74% em março e atinge 12% em 12 meses.
A pesquisa, que entrevistou no início do mês 200 consumidores com renda familiar de até dez salários mínimos (R$ 12.120), aponta que 52% deixaram de comprar algum produto entre alimentos, bebidas, itens in natura e artigos de limpeza. Com a alta nos preços, 79% dos entrevistados passaram a levar um volume menor de itens para casa.
O estudo ainda mostra que 67% dos consumidores vão às compras com menos frequência e quase a metade (46%) diz que o aumento do preço do combustível influencia na escolha da loja. O mercado perto de casa, onde se pode ir a pé, passou a ter a preferência, de acordo com 46,3% dos entrevistados, superando os supermercados (29,6%), os hipermercados (22,2%) e até o comércio online (20,4%).