Estudo de grupo de trabalho coordenado pelo Prof. José Giacomo Baccarin, da UNESP e membro do Instituto Fome Zero, mostra que a inflação oficial do período entre janeiro de 2020 e março de 2022, durante a Pandemia da Covid-19, afetou mais intensamente as famílias de baixa renda, aumentando a insegurança alimentar entre os mais pobres. O estudo se baseia no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), considerado índice oficial da inflação pelo governo federal.
Segundo o estudo, quatro grupos de preços tiveram aumentos acima do IPCA. Enquanto este aumentou 18,72% no período, o grupo alimentação e bebidas aumentou 29,61% (+10,89%), transporte 26,41% (+7,69%), artigos de residência 23,79% (+5,07%) e habitação 21,20% (+2,48%).
Cada um dos nove grupos que compõem o IPCA participa na sua composição com pesos diferentes, o que multiplicado pelas suas respectivas variações de preços resulta na contribuição de cada grupo na inflação ao consumidor. O estudo assinala que “Em termos de contribuição para a inflação ao consumidor, o IPAB (Alimentação e Bebidas) registrou o maior valor, de 30,21%, seguido pelo Transporte, com 29,12%. É importante levar em conta que a participação da alimentação e bebidas nos gastos do consumidor no Brasil é de 19,35%, abaixo em mais de 10 pontos percentuais, portanto, de sua contribuição para o IPCA.”
O estudo conclui, ainda, que “Sob o ponto de vista alimentar, a alta relativa dos preços dos alimentos implica em aumento da insegurança alimentar da população, atingindo com mais força os mais pobres, que comprometem maior porcentagem de suas rendas com suas compras (bem além dos 19,35% médio).”
Outra questão apontada é que os produtos ultraprocessados registraram menores aumentos de preços dos que os in natura e minimamente processados, que apresentam maior valor nutricional. Portanto, a forma como os preços dos alimentos vem aumentando no Brasil tende a estimular uma piora na qualidade nutricional da dieta de sua população.
Veja o estudo completo em https://ifz.org.br/precos-dos-alimentos-e-indice-de-inflacao-ao-consumidor-no-brasil-apos-2020/