A edição americana do Intercept publicou uma nota em resposta à decisão de Glenn Greenwald de sair alegando “censura”:
A DECISÃO DE GLENN GREENWALD de pedir demissão do Intercept deriva de uma discordância fundamental sobre o papel dos editores na produção de jornalismo e a natureza da censura. Glenn exige o direito absoluto de determinar o que publicará. Ele acredita que qualquer pessoa que discorde dele é corrupta e qualquer pessoa que pretenda editar suas palavras é um censor.
Daí a acusação absurda de que os editores e repórteres do Intercept, com a única e nobre exceção de Glenn Greenwald, traíram nossa missão de praticar um jornalismo investigativo destemido porque fomos seduzidos pela atração de uma presidência de Joe Biden.
Uma breve olhada nas matérias que o Intercept publicou sobre Biden será suficiente para refutar essas afirmações.
A narrativa que Glenn apresenta sobre sua saída está repleta de distorções e imprecisões – todas destinadas a fazê-lo parecer uma vítima, em vez de uma pessoa adulta fazendo birra. Levaria muito tempo para apontá-los todos aqui, mas pretendemos corrigir isso no tempo certo.
Por ora, é importante deixar claro que nosso objetivo ao editar seu trabalho era garantir que fosse preciso e justo. Enquanto nos acusa de preconceito político, era ele quem tentava reciclar as afirmações duvidosas de uma campanha política – a campanha Trump – e lavá-las como jornalismo.
Temos o maior respeito pelo jornalista que Glenn Greenwald costumava ser e continuamos orgulhosos de muito do trabalho que realizamos com ele nos últimos seis anos. Foi Glenn quem se desviou de suas raízes jornalísticas originais, não o Intercept.
A característica definidora do trabalho do Intercept nos últimos anos tem sido o jornalismo investigativo que resultou do trabalho meticuloso de nossa equipe em Washington, D.C., Nova York e em todo o resto do país. É a equipe do Intercept que tem cumprido nossa missão investigativa – uma missão que envolveu um processo de edição colaborativa.
Não temos dúvidas de que Glenn lançará um novo empreendimento de mídia onde não enfrentará a colaboração de editores – assim é que funcionam o Substack e o Patreon.
Nesse contexto, faz sentido para os negócios para Glenn se posicionar como o último verdadeiro guardião do jornalismo investigativo e denunciar seus colegas e amigos de longa data como partidários. Entendemos. Mas fatos são fatos, e o histórico de jornalismo destemido, rigoroso e independente do Intercept fala por si.