A fonte de recursos da TV, que hoje despeja um caminhão de recursos nos clubes de futebol, vai secar. E rápido.
O alerta foi feito hoje pelo coordenador-chefe da cadeira de gestão da FGV, Pedro Trengrouse, durante o Fórum Brasil Football, que se realiza no Maksoud Plaza, em comemoração aos 70 anos do Sindicato dos Atletas São Paulo.
A internet elimina o intermediário e vai acontecer no futebol. Os anunciantes investiram em 2016 189 bilhões de dólares em TV e 181 bilhões de dólares em internet. Em 2017, foram 205 bilhões em internet e 192 bilhões em internet.
Os clubes devem se preparar para isso, e explorar melhor a relação direta com o torcedor.
A camisa de clube que mais vende no Brasil é a do Barcelona, a final da Champions League passa em cinema. São organizadores com política agressiva de divulgação pela internet.
No Brasil, a TV Globo (ele não citou o nome), detentora dos direitos, contém o crescimento da receitas alternativas dos clubes.
“Hoje, com o dinheiro que se paga pela transmissão, os clubes estão acomodados. Mas isso vai mudar, e rápido, porque a fonte dos anunciantes da TV está secando”, afirmou.
Ele dá um exemplo de modalidade esportiva que tem crescido com receita direta da internet. É o mercado de games. Existe um jogo chamado Dota que realiza competições e, a cada ano, paga um prêmio maior em dinheiro.
Neste ano, foram 20 milhões de dólares pagos ao campeão, segundo ele mais do que paga a Conmebol ao vencedor da Libertadores.
“E de onde vem esse dinheiro?”, perguntou. “Da próprio internet, da venda de uma arma digital diferente, de uma vida a mais. No futebol, o potencial de receita direta é enorme, mas os clubes estão acomodados”, afirmou.
Ele deu um exemplo da relação predadora da TV com os clubes. “Hoje a TV fica com 70% da receita do pay per view. Não justifica. Os clubes podem fazer a própria transmissão e ficar com 100%. O custo de transmissão não é elevado como dizem as TVs”, afirmou.
Na nova economia, a especialidade da internet é conectar pessoas. Isso significa empoderamento dos atores e enfraquecimento dos intermediários.
“Por exemplo, a Uber é a maior empresa de transporte do mundo e não tem um carro. O Facebook é a maior empresa de mídia do mundo e não produz conteúdo. O clube não precisa ter uma superestrutura de TV para aumentar a receita. Ele já tem o principal: o time, e precisa se conectar com a outra ponta, o torcedor”, destacou.