Investidores do Twitter de Musk perderam bilhões na aventura do bilionário, mostra Washington Post

Atualizado em 2 de setembro de 2024 às 16:58
Musk e o príncipe saudita príncipe saudita Alwaleed bin Talal

De acordo com uma análise do Washington Post de domingo, dia 1º, a aquisição do Twitter por Elon Musk, renomeado de X, resultou em perdas bilionárias para os investidores que acompanharam o bilionário nessa aventura. Embora Musk tenha usado sua considerável fortuna para financiar a maior parte dos US$ 44 bilhões necessários para a compra da plataforma em 2022, ele também recorreu a empréstimos bancários e atraiu uma lista significativa de investidores, cuja participação no negócio só foi completamente revelada recentemente.

Na época da compra, Musk foi elogiado por sua capacidade de atrair parceiros de peso, incluindo o príncipe saudita Alwaleed bin Talal, que investiu cerca de US$ 2 bilhões em ações do Twitter. O príncipe declarou publicamente seu apoio a Musk, afirmando que ele seria um excelente líder para a plataforma. Em 2018, Alaweed foi preso na Arábia Saudita, acusado de corrupção.

No entanto, dois anos após o acordo, a situação para muitos desses investidores é bem diferente. Sob a liderança de Musk, a avaliação de X caiu drasticamente, chegando a valer apenas metade do valor pago por ele.

A Fidelity, uma das principais investidoras, avaliou consistentemente a participação da X em seus fundos em 70% abaixo do preço de compra desde o final do ano passado, com a mais recente avaliação mostrando uma desvalorização de cerca de 72%. Isso significa que o valor da participação da Fidelity caiu de aproximadamente US$ 316 milhões para US$ 88 milhões.

O Washington Post calculou que os oito maiores investimentos iniciais relatados à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) ou divulgados publicamente valem hoje cerca de US$ 5 bilhões a menos do que quando Musk adquiriu o X. No total, a participação de Musk e de seus parceiros perdeu cerca de US$ 24 bilhões em valor, uma destruição de riqueza que raramente encontra paralelo fora de grandes crises econômicas ou escândalos corporativos.

Vários grandes investidores, incluindo o então segundo maior investidor, recusaram-se a comentar o assunto. A Fidelity, Musk e a X também não responderam aos pedidos de comentários. Entre os que sofreram as maiores perdas estão líderes empresariais e membros da realeza da Arábia Saudita e do Catar, investidores de capital de risco do Vale do Silício e Jack Dorsey, cofundador e ex-CEO do Twitter, cuja participação perdeu aproximadamente US$ 720 milhões em valor.

Ross Gerber, que investiu menos de US$ 1 milhão, declarou que sua participação agora é considerada sem valor. Ele destacou o impacto negativo das decisões de Musk, afirmando que explicar a perda massiva de capital não é uma conversa fácil.

Apesar das perdas, o príncipe Alwaleed, o maior investidor de X depois de Musk, afirmou que ainda valoriza sua participação e a da Kingdom Holding Co. em cerca de US$ 1,9 bilhão, o mesmo valor da época da compra, chamando essa estimativa de “conservadora”. Ele argumenta que as avaliações externas não levam em conta o potencial da X por meio da xAI, a startup de inteligência artificial de Musk, onde ele e a Kingdom Holding Co. são grandes investidores.

A aquisição do Twitter por Musk também levantou preocupações em Washington sobre o envolvimento de entidades ligadas a governos estrangeiros e seu possível acesso a dados de usuários. Alwaleed, no entanto, minimizou essas preocupações, afirmando que seu investimento foi puramente financeiro e que ele não recebeu concessões ou influências formais em troca.

Com a transformação do Twitter em uma empresa privada, a avaliação atual da X é difícil de determinar. Contudo, é evidente que a plataforma enfrenta desafios financeiros, com a fuga de anunciantes, sua principal fonte de receita, em meio a controvérsias geradas por decisões de Musk, incluindo a redução na moderação de conteúdo e a restauração de contas suspensas por violar as regras da plataforma.

O acordo de compra também está sob investigação da SEC, que analisa possíveis irregularidades na aquisição de ações por Musk antes do anúncio da compra do Twitter, o que poderia ter influenciado o preço das ações. Alguns investidores receberam intimações como parte dessa investigação.

A lista dos maiores investidores iniciais no negócio, juntamente com o valor de suas participações na época da compra e suas avaliações atuais, foi extrapolada a partir dos cálculos da Fidelity, mostrando as grandes perdas enfrentadas por aqueles que apostaram na liderança de Musk.