Investigação da morte da namorada “alivia a barra” de Bilynskyj , diz reportagem

Atualizado em 11 de junho de 2024 às 23:44
Modelo Priscila Delgado de Bairros e o deputado federal Delegado Paulo Bilynskyj. Foto: Reprodução

O deputado federal Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) envolveu-se em uma discussão com o ministro da Secretaria Especial de Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta (PT-RS) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, na qual foi confrontado pelo petista pelas fake news divulgadas durante o período das cheias no Rio Grande do Sul.

Essa não foi a vez que o parlamentar bolsonarista envolveu-se em uma polêmica. Ele já exaltou a atuação de seu avô no exército nazista durante a Segunda Guerra Mundial e, em 2022, a Justiça de São Paulo arquivou um caso no qual ele foi baleado pela sua namorada, que se matou um dia após uma discussão entre o casal.

O caso ocorreu em 20 de maio de 2020, no apartamento do parlamentar em São Bernardo do Campo e foi objeto de uma longa reportagem do o Intercept Brasil, assinada por Cecília Oliveira, que apontou “os 11 furos do caso Bilynskyj”. Confira trechos:

“FUZIL SEM NÚMERO. Marca sem identificação”.

Essa descrição consta no boletim de ocorrência da morte da modelo Priscila Delgado de Bairros, registrado no dia 20 de maio, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. O porte de fuzil sem número de série é um crime inafiançável. Nove dias depois, a Secretaria de Segurança de São Paulo disse que a polícia errou e o que foi originalmente identificado como uma arma, na verdade, era um “acessório”. (…)

Ainda não está claro o que aconteceu na manhã de 20 de maio. Mas até agora uma coisa ficou evidente: as posições da Polícia Civil e do Ministério Público sobre o que aconteceu na manhã de 20 de maio aliviam a barra do delegado. (…)

Se o delegado tinha mesmo um fuzil não numerado em casa, deveria ser preso. Mas, como foi determinado que tecnicamente a arma não existe, Bilynskyj está solto. A questão é que, ainda que a SSP tenha razão e trate-se apenas de um acessório, a posse dele também pode configurar crime, com pena de três a seis anos, dependendo das variáveis, segundo advogados criminalistas que entrevistei. (…)A pena para a posse ilegal de arma de fogo de uso restrito – ou parte dela, como seria, em tese, o caso de um upper receiver “completo” –  é de reclusão de três a seis anos. Se estivermos falando de arma de fogo de uso proibido, a pena sobe: entre quatro e 12 anos. Dalmagro lembra ainda de um detalhe. “Com a alteração trazida pelo pacote anticrime, nesta última hipótese (arma de fogo de uso proibido), o delito é considerado hediondo. A hediondez do crime, além do aumento da pena em si, veda o indulto e endurece as possibilidades de progressão de regime e livramento condicional”. (…)

No boletim consta “suicídio consumado” para a morte de Priscila. O Ministério Público, que deveria investigar o que ocorreu na manhã do dia 20, já adiantou o que vem pensando até aqui. A promotora do caso disse que está “acompanhando o bom trabalho que a polícia vem desempenhando”.

Outra questão interessante são os exames residuográficos, feitos para detectar a presença de pólvora na pele. O exame de Priscila ficou pronto no mesmo dia e deu positivo. Bilynskyj só fez o exame mais de 24 horas depois sob a justificativa de que ele foi encaminhado ao hospital. Mas Priscila também foi. Ainda não há resultados do de Bilynskyj. “Nunca vi um exame como este dar positivo”, me disse um investigador com quase uma década de polícia. Isso porque é difícil que os resíduos se fixem no corpo. Ele não é 100% confiável ou conclusivo. (…)

Bilynskyj disse ainda que Priscila nunca fez curso de tiro, mas que municiou a arma sozinha. Os pais da modelo afirmam que ela nunca teve contato com armas. O advogado da família da modelo acredita que Paulo a desarmou e atirou contra a então namorada, com a mesma arma que ela usou contra ele.(…)

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