Ipea: Maioria de presos por tráfico de drogas é negra, pobre e sem relação com facções

Atualizado em 12 de agosto de 2023 às 13:49
policiais revistam motociclista na entrada da Grota no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Foto: Eduardo Anizelli

Dados preliminares da pesquisa “Perfil do processado e produção de provas nas ações criminais por tráfico de drogas”, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostram que maioria dos processados por tráficos de drogas no país é de homens (87%) jovens (72%) negros (67%).

O levantamento ainda aponta uma incidência maior da repressão às drogas sobre quem tem baixa escolaridade (75%), com ensino fundamental incompleto, é desempregado ou autônomo (66%) e tem passagem anterior pelo sistema de Justiça (50%).

A pesquisa analisou 41.100 processos dos tribunais de justiça estaduais com decisão no primeiro semestre de 2019. Os dados preliminares foram apresentados em junho deste ano, durante encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em Belém, no Pará.

Agente aponta arma em operação policial na cracolândia, em São Paulo
Policial aponta arma em operação policial na cracolândia, em São Paulo. Foto: Danilo Verpa

Apenas 20% dos processos analisados no estudo começam a partir da atuação de órgãos especializados em investigação, como a Polícia Civil. Os 80% restantes são feitos por órgãos que não são responsáveis por investigações.

Em quase um quinto dos casos (17%), não há apreensão de qualquer tipo de substância com os réus. Vale destacar que a mediana de substâncias apreendidas é de 85g de maconha e 24g de cocaína. Em 80% das ocorrências, o réu permanece em prisão preventiva durante o processo.

O estudo ainda mostra que 93% dos processos têm apenas a menção a denúncias anônimas, enquanto 7% têm algum registro do autor da denúncia, como telefone, ou o conteúdo do relato. As informações foram obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo.

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