Um novo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra o aumento de militares no governo brasileiro entre 2013 e 2021. Os dados integram o relatório “Presença de Militares em cargos e funções comissionados do Executivo Federal”, coordenado pela pesquisadora Flávia de Holanda Schmidt.
O relatório destaca que o período em que houve um grande crescimento do número de membros da Forças Armadas no governo foi durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre 2018 e 2021, o número de militares nas empresas estatais federais passou de 63 para 96, um aumento de 52%.
Militares também tiveram um aumento de presença em cargos comissionados: 59% durante o período analisado.
As pastas de controle civil que mais se aproximaram das Forças Armadas são: Ministério da Economia, com 84 nomeações; Ministério da Justiça (50 nomeações); Ministério da Saúde (40 nomeações) e Ministério do Meio Ambiente (21 nomeações).
O levantamento aponta ainda uma “tendência de expansão” da ocupação de militares em agências reguladoras.
No Ministério da Saúde, o aumento do número de milicos foi de inacreditáveis 94%.
A autora do estudo afirma que “há um conjunto de normas recentes do Executivo federal que expande as possibilidades da presença de militares na ‘burocracia civil’, apontando para aumentar a possível militarização da burocracia em curso”.
Segundo Flávia de Holanda Schmidt, entre 2013 e 2018, houve uma estabilidade no número de militares em cargos de “natureza especial”, do alto escalão do Executivo Federal. Em 2019, entretanto, o número dobrou, “com pequenos aumentos nos anos subsequentes analisados”.