Irmão de Assange agradece a Lula por liberdade do ativista

Atualizado em 25 de junho de 2024 às 13:03
Julian Assange e o irmão Gabriel Shipton. Foto: reprodução

Gabriel Shipton, irmão de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, agradeceu às autoridades que apoiaram o ativista em sua luta pela liberdade, que conquistou na última segunda-feira (24), destacando figuras como o presidente Lula (PT), o Papa Francisco e o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese.

“Eu venho trabalhando em Washington, em congressos defendendo a liberação de Julian, durante os últimos três ou quatro anos. Conquistar sua liberdade tem sido um esforço global, e é crédito de todos — do Papa, que defendeu Julian, ao presidente Lula, do Brasil, ao primeiro-ministro australiano… todos fizeram parte desse esforço global”, disse Shipton em entrevista à Sky News.

Representando a família, Gabriel também falou sobre a felicidade e alívio que sentem após anos de luta. “Ele finalmente está livre. Esta tem sido uma campanha incrivelmente longa, que envolveu milhões de pessoas ao redor do mundo, defendendo Julian. O processo levou anos de constante negociação e protestos”, afirmou.

Julian Assange aceitou se declarar culpado de uma acusação de disseminação ilegal de material de segurança nacional, um dos maiores casos desse tipo na história dos Estados Unidos, em troca de sua liberdade. O acordo foi tornado público na noite de segunda-feira, e, de acordo com o WikiLeaks, Assange deixou a prisão de Belmarsh, no Reino Unido, na manhã seguinte, após receber fiança do Supremo Tribunal de Londres, embarcando para um destino não revelado.

Após a notícia da soltura do ativista, Lula foi ao X, antigo Twitter, celebrar o acontecimento: “O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”, escreveu o presidente brasileiro.

A trajetória de Assange ganhou notoriedade em julho de 2010, quando a imprensa mundial publicou 70 mil documentos confidenciais sobre operações internacionais no Afeganistão, divulgados pelo WikiLeaks. Em outubro do mesmo ano, foram publicados 400 mil relatórios sobre a invasão do Iraque pelos EUA e, um mês depois, o conteúdo de 250 mil telegramas diplomáticos estadunidenses.

Em novembro daquele ano, a Suécia emitiu um mandado de prisão europeu contra Assange como parte de uma investigação de violação e agressão sexual, acusações que ele sempre negou, alegando que as relações foram consensuais. O jornalista se rendeu à polícia britânica em dezembro de 2010. Em fevereiro de 2011, um tribunal de Londres validou o pedido de extradição para a Suécia. Ele temia ser extraditado para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar a pena de morte.

Na segunda-feira, o ativista chegou a um acordo judicial com o sistema de justiça dos EUA, permitindo sua libertação. Ele deixou imediatamente o Reino Unido e deve comparecer perante um tribunal federal nas Ilhas Marianas, um território dos EUA no Pacífico, sob a acusação de “conspiração para obter e divulgar informações relacionadas com a defesa nacional”.

“Existe um princípio de acordo entre Julian e o Departamento de Justiça do país, que deve ser ratificado por um juiz das Ilhas Marianas. A acusação diz respeito a atos de espionagem e obtenção e divulgação de informações sobre a defesa nacional. Estou exultante. Francamente, é simplesmente incrível”, explicou Stella Assange, esposa do jornalista.

Assange embarcou em um voo no aeroporto de Stansted, e Stella descreveu o fim do processo legal como um “turbilhão de emoções”. Ela destacou a prioridade atual: “A prioridade agora é que Julian recupere sua saúde. Ele está em péssimo estado há cinco anos e deseja ter contato com a natureza. É isso que ambos queremos agora, ter tempo e privacidade, e simplesmente começar este novo capítulo”.

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