O senador Sergio Moro (União-PR) tem recorrido ao Judiciário na tentativa de impedir a cassação de seu mandato e compensar a falta de apoio político dentro e fora da Casa Legislativa. O ex-juiz é réu em uma ação de investigação eleitoral sob suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha das eleições de 2022.
Segundo informações da Folha de S.Paulo, Moro foi orientado por aliados a estabelecer pontes com integrantes do Judiciário, que podem ajudar a definir seu destino.
Sabendo do risco de perda de mandato, Moro passou a intensificar essa estratégia desde o avanço do caso de Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, que foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No dia seguinte à cassação do mandato de Deltan, Moro se reuniu com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Ele também esteve em audiências com os ministros Rosa Weber, presidente do STF, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
As conversas teriam sido solicitadas para discutir um projeto a cargo da deputada federal Rosângela Moro (União-SP) no Congresso Nacional, mas serviram para o juiz abordar os integrantes da corte sobre sua situação política.
Moro chegou a acenar aos ministros ao não assinar o pedido de impeachment de Barroso e criticar a hostilidade a Moraes no aeroporto de Roma. O senador também quis deixar claro que não era contra a indicação de Cristiano Zanin ao Supremo pelo presidente Lula (PT).
Moro ainda se reuniu com o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Luiz Fernando Tomasi Keppen, no final de julho, e já se encontrou com o presidente do TRE paranaense, Wellington Emanuel Coimbra de Moura.
No Senado, a avaliação é a de que nem mesmo parlamentares de oposição ao governo vão defender o colega se houver uma decisão desfavorável da Justiça.
Moro não é próximo de caciques da Casa e mantém relação “institucional” com os outros. Apesar de elogiarem o ex-juiz, senadores da oposição e colegas de partido dizem que Moro é muito reservado.