Israel desrespeita ONU e continua bombardeios a campo de refugiados em Gaza

Atualizado em 23 de dezembro de 2023 às 13:52
Palestinos removem corpo de vítima de bombardeio israelense. Foto: Motaz Azaiza/UNRWA

Em uma escalada da crise humanitária em Gaza, um bombardeio israelense atingiu o campo de refugiados de Nuseirat, deixando pelo menos 18 mortos, segundo o Ministério da Saúde palestino, controlado pelo grupo Hamas. Além desse trágico episódio, uma série de ataques e operações estão direcionados a cidades em todo o enclave, aumentando a tensão e a tragédia na região.

O êxodo forçado da população é uma realidade cruel. Famílias que haviam buscado refúgio no campo de Bureij, no centro do território, receberam ordens para se deslocar para Deir al-Balah, no litoral. Haya, uma jovem palestina, descreveu a situação caótica em entrevista à RFI, enfatizando a terrível destruição causada pelos bombardeios no sul da Faixa de Gaza.

“Em breve, outras famílias do campo de refugiados de Bureji devem chegar aqui em Deir al-Balah. A situação no sul da Faixa de Gaza é terrível. Toda a região à leste de Khan Yunis, no sul, foi completamente destruída por bombardeios. Agora eles estão pedindo para que todos se dirijam à Rafah [no extremo sul do enclave, na fronteira com o Egito]”, disse Haya.

Colunas de fumaça no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, após bombardeios israelenses. Foto: Mahmud Hams/AFP

No norte, a situação é ainda mais caótica, com relatos de indiscriminadas ações violentas. “Eles matam qualquer um que estiver na rua. Tem um sniper em pontos altos da região e eles atiram em qualquer coisa que se mexer”, relatou a jovem palestina.

Haya faz um apelo urgente por uma trégua: “Precisamos de um cessar-fogo imediato, não suportamos mais isso. Não queremos começar o Ano Novo com essa guerra.”

Enquanto a população enfrenta deslocamentos e ataques constantes, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos alertou que a ordem de evacuação levará as pessoas para locais onde os bombardeios estão acontecendo, destacando a falta de lugares seguros na região.

Após intensas negociações, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução na sexta-feira (22) prevendo uma ajuda humanitária “em grande escala”, “imediata” e “sem obstáculos” para Gaza. A resolução, considerada uma vitória diplomática, não faz um apelo direto a um cessar-fogo, mas menciona a “criação de condições para uma pausa durável nas hostilidades.”

O texto, pressionado pelos Estados Unidos, exige o uso de “todas as vias de acesso e circulação disponíveis na Faixa de Gaza” para entrega de combustíveis, alimentos e equipamentos médicos. Apesar da aprovação, o Hamas classificou o texto como “insuficiente”, e Israel afirmou que continuará inspecionando toda a ajuda enviada ao enclave.

O verdadeiro impacto da resolução permanece incerto, pois a entrada de comboios humanitários em Gaza é controlada por autoridades israelenses. A ajuda que chega está longe de satisfazer as necessidades da população, ameaçada pela fome.

Segundo António Guterres, secretário-geral da ONU, “o verdadeiro problema” para a chegada dos caminhões é a forma como Israel conduz sua ofensiva, criando obstáculos massivos à distribuição de mantimentos e remédios. Com o risco iminente de fome e doenças, a pressão por um cessar-fogo imediato e efetivo aumenta.

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