Israel sabia que Hamas planejava ataque há mais de um ano e ignorou

Atualizado em 1 de dezembro de 2023 às 13:05
Veículos destruídos na cidade de Ashkelon, em Israel, após ataque de foguete do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023. Foto: Ahmad Gharabli/AFP

O governo israelense sabia do plano do Hamas de atacar seu território no dia 7 de outubro mais de um ano antes do episódio. Autoridades de inteligência e militares descartaram o atentado, considerando que ele seria muito ambicioso e difícil para que o grupo conseguisse executá-lo. A informação é do jornal americano New York Times.

Um documento de cerca de 40 páginas obtido por autoridades detalhava como o Hamas pretendia invadir Israel, prevendo usar uma barragem de foguetes no início do ataque, drones para desativar câmeras de segurança, uso de metralhadoras automáticas na fronteira e homens armados entrando no território em massa por meio de parapentes, motocicletas e a pé.

O plano foi seguido precisamente pelo Hamas no dia 7 de outubro. O documento não estabelecia uma data para o ataque, mas dizia que o objetivo era sobrecarregar as fortificações ao redor da Faixa de Gaza, invadir bases militares e tomar cidades israelenses.

Os responsáveis pelo planejamento do ataque ainda reuniram informações sobre a localização e o tamanho das forças militares de Israel, seus centros de comunicação e diversas informações sensíveis. O documento circulou internamente entre líderes militares e de inteligência, mas especialistas acreditavam que a execução dele estava além das capacidades do Hamas.

Inteligência de Israel detectou treinamento de membros do Hamas similar ao que foi descrito no documento. Foto: Reprodução

Em julho deste ano, a agência de inteligência de sinais de Israel detectou que o Hamas havia iniciado um exercício de treinamento similar ao que estava descrito no plano, mas um coronel da divisão de Gaza ignorou o alerta, feito por uma analista israelense.

Atualmente, autoridades admitem nos bastidores que falharam em defender o território e que o Exército poderia ter neutralizado ou evitado a ofensiva caso tivesse levado a sério o documento e os alertas emitidos. O setor de segurança de Israel considera que houve um fracasso de inteligência no episódio.

Um dos maiores objetivos descritos pelo Hamas no plano era a invasão da base militar israelense em Re’im, que abriga a divisão de Gaza responsável por proteger a região. Essa parte do plano foi cumprida no dia 7 de outubro, quando o grupo invadiu e tomou partes da base.

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