Bolsonaro exibe nas redes uma camisa autografada que ganhou de Pelé.
Há uma velha e necessária discussão sobre o fato de Pelé ser absolutamente sem noção, para usar um eufemismo, quando se trata do combate ao racismo.
Seus defensores alegam que ele é de outra geração, que é um homem simples, que já fez muito pela causa como atleta etc.
É condescendência e paternalismo de homens brancos.
Pelé viveu seu auge dos anos 60, quando explodiu o movimento pelos direitos civis nos EUA. Tem 80 anos. Muhammad Ali teria 78 hoje.
Já não é “simples” há décadas. Jogou pelo Cosmos, enriqueceu, circulou e conviveu com muita gente interesseira e inteligente pelo mundo.
Não é cego, surdo ou mudo. Ainda que fosse, não seria desculpa.
Em tempos de Black Lives Matter, de George Floyd, de atletas como Lebron James se posicionando, de massacre de pretos pobres nas favelas brasileiras, de Marielle — ele prefere homenagear um genocida que citou o peso de um quilombola em toneladas.
Pelé, ou Edson, se calou diante da menina Ágatha e de todas as crianças assassinadas por PMs nas periferias.
Não dá um pio sobre o homem negro espancado e morto por seguranças do Carrefour numa cena de horror.
Seu nome era João Alberto Silveira Freitas. Pelé nunca vai saber.
Mas escreveu numa camisa do Santos: “Ao Pres. Bolsonaro com abraço, Edson Pelé”.
Bolsonaro mandou o retrato a amigos hoje de manhã, via WhatsApp, com a seguinte mensagem: “Essa vai para um quadro e ficará na sala”.
O troféu está sendo exibido pelo sujeito no Dia da Consciência Negra.
Viva Maradona.
– Obrigado Pelé.
– Bom dia a todos. pic.twitter.com/A2cjRUEbEL— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 20, 2020