Publicado originalmente no blog do autor
Por Fernando Brito
O “Jair Paz e Amor” do lançamento, ontem do plano nacional de vacinação (que deveria chamar-se plano de vacinação sem vacinas) não durou dois dias.
Hoje, em um ato em Porto Seguro, o “Mito” anunciou que não vai se vacinar, quando houver uma vacina, alegando que, como já teve Covid, está imunizado.
“Alguns falam que eu tô dando um péssimo exemplo. Ou é imbecil (palmas) ou o idiota que tá dizendo que eu dou péssimo exemplo, eu já tive o vírus. Eu já tenho anticorpos. Pra que tomar vacina de novo?”
Esqueçam discussões imunológicas, porque é simples desculpa.
Bolsonaro, como já se repetiu aqui, não quer que a população se vacine.
Aceita uma vacinação “meia-boca” como aceita uma democracia meramente formal, por não ter condições políticas de extingui-la.
Fará o possível para dificultar e tem os impensáveis instrumentos para isso: o Ministério da Saúde, a Anvisa e os militares, sem os quis é impossível executar em prazo curto ou médio a imunização dos brasileiros.
Ascânio Seleme, na edição de hoje de O Globo converte em número os brasileiros que, dizem as pesquisas, não querem tomar a vacina: 46 milhões. Mais serão, se considerarmos que a vacina possível, hoje, é a chinesa.
O país, sob o governo de ou louco furioso, enlouquece: chegamos ao paradoxo de que a vacina, vista no mundo como a grande esperança humana, aqui venha a ter de ser tornada compulsória por medidas administrativas, como decidiu o Supremo.
Está evidente – não é Rodrigo Maia? – que quem concede ao Diabo a ele perderá a alma.
Bolsonaro não é um fenômeno político, é um fenômeno psiquiátrico.
Em Hitler se podia ver o sonho do renascimento alemão, ainda que tornado pesadelo, nele só se pode ver a aniquilação do Brasil.