A primeira-dama do Brasil, Rosangela Lula da Silva, conhecida como Janja, se manifestou publicamente sobre o caso de violência doméstica envolvendo a ex-primeira-dama da Argentina, Fabíola Yañez. Segundo a acusação, Yañez sofreu agressões e assédio por parte do ex-presidente argentino, Alberto Fernández.
A declaração de Janja foi dada em entrevista ao blog da jornalista Andréia Sadi, do G1, e marca a primeira manifestação de um membro do governo brasileiro sobre o caso.
A esposa de Lula (PT) revelou que, apesar de não mencionar diretamente o nome de Fernández, decidiu não se manifestar anteriormente por respeito à privacidade de Yañez. As duas teriam conversado por telefone, e Janja ofereceu sua solidariedade e apoio à argentina, expressando sua indignação diante da situação. “À ela, prestei minha solidariedade e meu apoio, assim como minha indignação nesse momento”, afirmou.
“As mulheres vitimas de violência já se encontram em situação de vulnerabilidade pela própria violência sofrida e, muitas vezes, difícil de ser aceita até o momento da denúncia. Justamente por termos uma relação de amizade, decidi não expor ainda mais sua intimidade”, acrescentou.
Alberto Fernández, que presidiu a Argentina entre 2019 e 2023, foi formalmente indiciado pela Justiça argentina em 14 de agosto, sob acusações de lesões graves, ameaças e abuso de poder. Yañez relatou que sofreu agressões físicas e verbais constantes, além de terrorismo psicológico e assédio telefônico por parte do ex-presidente. Ela também afirmou que Fernández a pressionou a abortar em 2016, quando o relacionamento ainda era recente.
Este caso tornou Fernández o primeiro presidente argentino a ser formalmente acusado de violência de gênero. Em sua defesa, Fernández negou todas as acusações, declarando em entrevista ao jornal espanhol El País que “nunca bateu em uma mulher”. Ele também havia afirmado anteriormente que uma marca no rosto de Yañez, mostrada em uma foto, era resultado de um tratamento estético.
Diante da repercussão do caso, Fernández renunciou à presidência do Partido Justicialista em 15 de agosto, alegando que a decisão foi tomada para proteger a agremiação de um “linchamento midiático”.
O escândalo abalou profundamente a política argentina. O atual presidente, Javier Milei, e aliados políticos de Fernández criticaram duramente o ex-presidente pelas supostas agressões. A ex-presidente e ex-vice de Fernández, Cristina Kirchner, usou suas redes sociais para afirmar que Fernández “não foi um bom presidente” e que as imagens divulgadas revelam “os aspectos mais sórdidos e obscuros da condição humana”.