Acusado de ter levado 73 seguidores a morrerem de fome no leste do Quênia para “encontrar Jesus Cristo”, Paul Mackenzie Nthenge é um taxista que virou “pastor” em 2003. Sua pregação extrema o levou a prisão duas vezes desde 2017
Em um relatório policial de 14 de abril, Makenzie foi apontado como líder da “igreja” que recebeu diversas denúncias sobre “cidadãos mortos de fome com o pretexto de conhecer Jesus depois de terem passado por uma lavagem cerebral”. Na noite do mesmo dia, após ter conhecimento de que estava sendo procurado pela polícia local, Paul se entregou às autoridades.
O suspeito havia criado, ainda em 2003, a “Igreja Internacional das Boas Novas” e contava com mais de 3000 seguidores, mil deles apenas na cidade costeira de Malindi, onde tinha se instalado.
Em sua pregação, Mackenzie difundia um programa intitulado “Mensagem dos últimos tempos” que pregava “ensinamentos, pregações e profecias sobre o final dos tempos, comumente chamados escatologia”. Ele dizia “levar o evangelho do nosso senhor Jesus Cristo livre do engano e do intelecto do homem”.
A igreja de Paul também possuía um canal no YouTube no qual pode-se encontrar vídeos de seus cultos em Malindi. Mackenzie dizia a seus seguidores que práticas corriqueiras, como o uso de perucas e a realização de transações digitais sem dinheiro vivo, eram coisas do “demônio”.
Paul foi preso pela primeira vez este ano por “radicalização”, após ter promovido a não escolarização das crianças, afirmando que a educação não era reconhecida pela Bíblia.
Em entrevista, ele afirmou ter criado sua igreja dois anos depois para se estabelecer no povoado florestal de Shakahola, local onde também foram encontrados corpos de seus seguidores pelos policiais. “Tive a revelação de que tinha chegado a hora de parar. Só rezo comigo mesmo e com aqueles que escolheram acreditar”, afirmou o líder religioso ao jornal The Nation, em 25 de março.
Poucos dias antes da entrevista, Mackenzie havia sido preso “após ser vinculado à morte de duas crianças que, supostamente, teriam morrido de fome por instruções deste criminoso”, disse Japhet Koome, chefe da polícia do Quênia. Na ocasião, ele teria sugerido que seus seguidores jejuassem até a morte para encontrar seu criador. No episódio em questão, Paul foi solto após o pagamento de uma fiança de 100.000 xelins quenianos.