O apresentador Jô Soares, que morreu nesta quinta-feira (5) aos 84 anos, chegou a receber ameaças por entrevistar a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pouco antes de seu processo de impeachment.
A jornalista Cristina Serra, que participou durante quatro anos do quadro “Meninas do Jô”, em que mulheres falavam sobre política e economia, contou ao UOL que o apresentador sofreu ameaças e teve a casa pichada por ouvir a ex-presidente.
“Jô era um democrata, antenado politicamente e sabia de tudo o que estava acontecendo. Quero destacar um episódio antes do impeachment da Dilma porque ele disse que ia entrevistá-la e foi ao Palácio da Alvorada em um momento que havia o crescimento do movimento pró-impeachment e o Jô disse ‘preciso ir lá e entrevistar a presidente'”, disse Cristina.
“Foi e por isso ele sofreu ameaças, ele foi ameaçado. A rua onde ele morava amanheceu com uma pichação de ameaça contra o Jô. Aí quero tocar em uma característica dele que é muito importante: a coragem. O desassombro com que ele defendia seus pontos de vista sempre a favor da democracia e da legalidade”, continuou.
A jornalista também relembrou a habilidade de Jô em atuar nesse segmento. “Posso dizer do imenso talento do Jô em se comunicar, como ele interagia com a plateia no programa ao vivo. Muitas vezes ele percebia qual era o assunto de maior interesse e deixava o roteiro de lado, com uma enorme capacidade de improviso. Ele fazia outra coisa e mudava completamente o programa mas com total domínio do que estava fazendo. O Jô realmente era um talento e só de olhar o Jô trabalhar a gente aprendia muito”, completou.
O DCM entrevistou Cristina Serra nesta sexta. Veja como foi: