Na representação em que pede a prisão do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Federal (PF) citou trocas de mensagens em que o oficial pediu a falsificação do cartão de vacinação da sua esposa, Gabriela Santiago Cid. Com informações do O GLOBO.
Nas mensagens, Mauro Cid solicitou apoio ao sargento Luís Marcos dos Reis, um dos seus subordinados no Palácio do Planalto, para obter um cartão de vacinação da Secretaria de Saúde de Goiás preenchido com duas doses da vacina contra Covid-19.
Segundo a PF, Reis contou com o auxílio do seu sobrinho, o médico Farley Vinícius Alcântara.
Dados como data, lote, fabricante e aplicador da vacina teriam sido retirados pelo profissional de saúde de um cartão de uma enfermeira vacinada na cidade de Cabeceiras, no interior de Goiás.
“Contigo aí, tá? Joga na minha conta. E vê aí em Goianésia se tem algum cara que não seja cadastrado no ConecteSUS. Vou ver depois, no Exército, se tem algum enfermeiro que você pode fazer para mim”, disse Cid.
“Eu já voltei já, coronel, mas eu deixei lá com meu sobrinho lá, vou ver se ele consegue lá. É, tem só essas duas pessoas, tem o meu sobrinho e o Vandir lá. Aí tento aqui. Eu estou indo amanhã para a missão lá de Guaratinguetá! No retorno, a gente vai cair em cima disso aí, tá bom?”, respondeu Reis. “Não falei para ele que ficou questionando por que nenhum coordenador ficou sabendo e tal. Eu falei assim, foi ordem do coronel e chegando aí pessoalmente, eu explico para o senhor o que aconteceu. Falei pro tenente Alencar, pode deixar que eu administro lá”, completou.
De acordo com a Polícia Federal, as inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante.
“A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”, informou a PF.
O diálogo consta na decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Operação Venire, que prendeu seis pessoas e fez busca e apreensão em diversas residências, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília, nesta quarta-feira (3).