“Jogado aos leões”: por que depoimento de Heleno é o mais temido por bolsonaristas

Atualizado em 22 de fevereiro de 2024 às 15:06
General Augusto Heleno, ex-chefe do GSI. Foto: reprodução

O depoimento do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, é aguardado com grande expectativa no círculo bolsonarista. O militar revelou a pessoas próximas sua indignação por ser, nas suas palavras, “jogado aos leões” pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após a divulgação de um vídeo de uma reunião ministerial em que ele menciona a possibilidade de infiltrar espiões em campanhas eleitorais.

Heleno está sob investigação da Operação Tempus Veritatis em duas frentes: por suposta participação em tentativa de golpe e pelo uso em ações ilegais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como na intenção de monitorar adversários políticos e proteger a família Bolsonaro.

A reação de Heleno não surpreende, considerando o histórico de Bolsonaro. O ex-presidente já declarou em junho de 2019 que seus ministros eram como “fusíveis”, ou seja, estavam ali para “evitar queimar o presidente, sacrificando-se eles próprios”. Nesse contexto, Heleno parece ser mais um desses “fusíveis” queimados.

Além disso, há grande interesse em saber o que o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, revelará sobre a permanência dos acampamentos pró-golpe em frente aos quartéis. A Polícia Federal busca esclarecer se a ordem partiu de Bolsonaro.

Até o momento, não é possível determinar como Freire Gomes será lembrado na história: se ele se omitiu, sabendo da trama golpista, conforme apontado pela CPMI de 8 de janeiro, ou se foi ele quem impediu o golpe.

Aqueles que defendem a preservação da biografia de Freire Gomes argumentam que ele percebeu as intenções de Bolsonaro em substituí-lo pelo general Estevam Theophilo, indicado pela Polícia Federal como defensor do golpe. Theophilo estava entre os cinco mais antigos do Alto Comando, e sua nomeação desconsiderou o princípio da antiguidade, seguindo um precedente estabelecido quando Villas Boas foi nomeado chefe do Exército, apesar de não ser o mais antigo.

Ex comandantes do Exército, Freire Gomes. Foto: reprodução

Enquanto Bolsonaro (PL) adotará uma postura de silêncio durante o depoimento na PF. Nos bastidores, há uma estratégia para apontar o general Braga Netto como principal mentor de possíveis tumultos eleitorais ou pós-eleição.

Auxiliares do ex-presidente atribuem ao general da reserva, ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro que perdeu as eleições, a influência sobre as discussões de medidas para “virar a mesa”. Essa narrativa ganhou força após a divulgação de vídeo completo da reunião ministerial, realizada em junho de 2022, no qual Bolsonaro debate ideias golpistas com aliados de seu governo.

Segundo a jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, pessoas próximas minimizam o papel de Bolsonaro na reunião, alegando ser uma forma de “levantar a moral da tropa”. Desde o início das investigações, ele demonstra preocupação com possíveis prisões suas ou de seus filhos, tentando desvincular-se de responsabilidades e classificando as ações de assessores como “excesso de iniciativa”.

Entre os demais depoentes convocados pela PF estão Valdemar Costa Neto (presidente do PL), e ex-ocupantes de cargos de comando no governo passado, como Anderson Torres (Ministro da Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (Ministro da Defesa), Mário Fernandes (Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República), Almir Garnier (comandante da Marinha) e Cleverson Ney Magalhães, (coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres).

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