Jornal Haaretz é censurado pelo governo de Israel e publicado com tarjas

Atualizado em 30 de maio de 2024 às 22:35
O ativista israelense Jonathan Pollak, no chão, cercado de agentes
O ativista israelense Jonathan Pollak – Reprodução

Um texto de opinião escrito pelo ativista israelense Jonathan Pollak, publicado no jornal Haaretz, foi censurado pelo governo israelense e lançado nesta quarta-feira (29) com trechos ocultos.

A reportagem aborda a prisão arbitrária de palestinos pelas autoridades israelenses na Cisjordânia ocupada. Israel frequentemente veta a publicação de textos sobre esse tema na imprensa do país, alegando questões de segurança nacional.

O título original do texto é “A Razão de Israel para a Prisão”, seguido de tarjas pretas ocultando o restante da chamada, segundo a Folha de S.Paulo. Essas tarjas foram adicionadas pelo próprio jornal para omitir detalhes sensíveis. Elas aparecem tanto na versão impressa quanto na versão online da publicação.

Pollak relata o caso do palestino Bassem Tamimi, preso em 29 de outubro de 2023, na cidade de Nabi Saleh, próxima a Ramallah. Tamimi é um ativista palestino proeminente, conhecido por liderar protestos contra a ocupação israelense e os assentamentos nos territórios palestinos.

Após a prisão, Tamimi foi levado a um hospital devido a um pico de pressão alta. Ele conseguiu telefonar para sua esposa, Nariman, e informou que estava bem. Este foi o último contato da família com Tamimi, segundo Pollak.

Versão impressa da reportagem do Haaretz censurada pelo governo israelense
Versão impressa da reportagem do Haaretz censurada pelo governo israelense – Reprodução/X

O texto de Pollak é fortemente censurado, dificultando o entendimento completo do caso. Não se sabe de que Tamimi é acusado nem onde ele está preso. As informações conhecidas sobre seu estado vêm de um amigo que também foi preso e o viu na cadeia antes de ser liberado.

A “detenção administrativa” de Tamimi, um termo usado por Israel para prisões de palestinos em territórios ocupados por motivos de segurança, foi inicialmente decretada por seis meses e renovada por mais seis. Esta medida permite às autoridades militares israelenses manterem palestinos presos sem apresentar acusações ou realizar um julgamento.

Essa forma de prisão é aplicada a palestinos na Cisjordânia ocupada, que estão sujeitos à Justiça militar de Israel, enquanto israelenses na mesma região são julgados em cortes civis. Esta distinção é um dos principais argumentos das organizações de direitos humanos que acusam Israel de manter um regime de apartheid nos territórios ocupados.

Pollak menciona dados do governo israelense que indicam que mais de 7 mil pessoas estão presas no sistema carcerário sem condenação. Destas, 60% não foram sequer acusadas formalmente e aguardam em detenção sem saber os crimes pelos quais respondem.

Jonathan Pollak, ativista israelense, já foi preso por protestar contra o governo de seu país. Em janeiro de 2023, ele foi acusado de arremessar pedras contra um jipe militar e solicitou ser julgado na Justiça militar, como ocorre com os palestinos.

A violência na Cisjordânia tem aumentado desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza em 7 de outubro. Mais de 5 mil prisões foram realizadas por forças de segurança israelenses no território governado pela Autoridade Palestina desde o ataque do Hamas, com mais de 500 palestinos mortos em operações israelenses.

No total, 1.200 israelenses morreram no ataque do Hamas no ano passado, enquanto mais de 36 mil palestinos foram mortos em bombardeios israelenses na Faixa de Gaza.

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