Jornal Nacional ignora escândalo do laudo falso de Marçal contra Boulos

Atualizado em 6 de outubro de 2024 às 12:57
William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada do Jornal Nacional

É um dos maiores escândalos na história da política brasileira. Mas para o Jornal Nacional não foi notícia. A edição do último dia 5, sábado, véspera da eleição na cidade mais importente do Brasil, ignorou o assunto completamente. Só pesquisa, pesquisa, pesquisa e uma matéria mandrake sobre um ataque de Israel a uma mesquita em Gaza.

Uma perícia técnica do Instituto de Criminalística de São Paulo concluiu que o laudo apresentado por Pablo Marçal (PRTB) contra Guilherme Boulos (PSOL) é fraudulento. “É falsa a imagem de assinatura em nome do médico ‘JOSÉ ROBERTO DE SOUZA’, lançada no receituário objeto de exame (…) posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados (…)”, afirma o IC.

Pablo Marçal (PRTB) atendido pelo médico estelionatário Luiz Teixeira da Silva Junior em 2023

Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar o crime de uso de documento falso e outras ilegalidades. A Polícia Federal também está investigando o caso. Os peritos já estão examinando o documento fake.

Marçal não apenas realizou um procedimento de harmonização facial com Luiz Teixeira da Silva Júnior, biomédico e dono da clínica onde o laudo foi falsificado, em outubro de 2021, como também mantinha uma relação próxima com ele.

Eram vizinhos e amigos, e por muito pouco não se tornaram sócios numa fazenda, conforme relata um ex-sócio que prefere não ser identificado. Além disso, Marçal tinha planos de investir numa clínica de estética do sujeito.

De acordo com a coluna de Míriam Leitão, uma espécie de bússola moral no grupo, “o crime de Marçal foi premeditado, a hora escolhida, o tiro disparado de dentro do escudo protetor da Justiça Eleitoral mas Marçal atinge é a democracia, se ele prevalecer”.

“O importante não é o que publico, mas o que não publico”, dizia Roberto Marinho. É uma frase pedestre, mas reveladora de onde reside o poder da Globo. Pablo Marçal é da casa.

Para o JN, o que importa mesmo é canonizar Cid Moreira, que morreu para reencarnar na dupla de panacas que continuam lendo teleprompter para enganar o que o próprio Bonner chamou de “Homer Simpson” que assiste o programa.