Na última segunda-feira (23), Noha Ismail, uma libanesa que mora em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, enfrentou uma tragédia irreparável. Ela perdeu seu filho, Ali Kamal Abdallah, de 15 anos, e seu marido, Kamal Hussein Abdallah, de 64 anos, vítimas de um bombardeio na cidade de Sohmor, na região do Vale do Beqaa, no Líbano. Ambos morreram enquanto trabalhavam em uma fábrica familiar de produtos de limpeza, quando um foguete atingiu o local.
Noha, ainda abalada pela perda, relatou em entrevista que, no dia do ataque, estava prestes a comprar passagens para trazer seus filhos de volta ao Brasil. Dias antes, os filhos haviam pedido para retornar a Foz do Iguaçu.
“Segunda-feira liguei para o meu marido para falar com os meus filhos, liguei três vezes, mas ele não respondeu… Depois eu acordei, todo mundo falou para mim que o meu marido já faleceu e o meu filho, estavam procurando ele… Ele ficou um dia inteiro perdido, ele ficou um dia com pedras, assim…”, contou.
Além de Ali, outro filho de Noha, Mohamed Abdallah, de 16 anos, estava no local no momento do bombardeio, mas sobreviveu ao ataque. Mohamed, que ficou gravemente ferido pelos destroços, retornou ao Brasil na última sexta-feira (28) junto com sua irmã Yara, de 21 anos.
Eles foram recebidos no aeroporto de Foz do Iguaçu por cerca de 200 pessoas, entre amigos e familiares. Em homenagem ao irmão falecido, colegas de Ali entregaram uma camiseta a Mohamed com a mensagem: “Para sempre em nossos corações. Ali Kamal Abdallah”.
O conflito no Líbano tem se intensificado nas últimas semanas, com bombardeios israelenses resultando em mais de 700 mortes e forçando milhares de moradores a deixarem suas casas. Kamal e Ali Kamal Abdallah estavam entre as vítimas civis que perderam suas vidas em meio a esse cenário de destruição.
Agora de volta ao Brasil, Mohamed tenta lidar com a perda do irmão e do pai. Em entrevista, ele desabafou sobre a dificuldade de imaginar a vida sem a presença de Ali ao seu lado.
“Ele iluminava tudo, todos os dias para mim, não dá para ficar sem ele… Eu fico imaginando, como vou comer, sair, brincar, jogar futebol sem o meu irmão? Ele ficava sempre do meu lado”, disse o jovem, emocionado.