Em sua honestidade, candura e excesso de educação e escrúpulos, Romero Jucá definiu perfeitamente o atual momento político do Brasil ao dizer que é uma “suruba”.
Quem haveria (“haverão”, segundo o ministro da Educação) de negar?
O que foi a sabatina de Alexandre de Moraes senão uma orgia em que a imensa maioria que estava naquela sala saiu satisfeito com o que deu e recebeu?
A excelente foto de Dida Sampaio, que você vê acima, é mais obscena que “Calígula” ou qualquer clássico pornô nacional, como “A Menina e o Cavalo” ou as comédias com Nuno Leal Maia.
O que iniciou na chalana Champagne, o love boat de um senador ex-sócio de Carlinhos Cachoeira, Wilder Morais, termina numa pletora de alegria, como cantou Caetano Veloso.
Os senadores fingiam que perguntavam, Moraes fingia que respondia e um abraço. Nada sobre os plágios, nada sobre o PCC, nada sobre nada. Um passeio.
Jucá vai se firmando como o cronista definitivo destes tempos. Quem precisa de um Silvio Romero, de um Gilberto Freyre, de um Sérgio Buarque de Hollanda, de um Raymundo Faoro, quando tem um Jucá?
O roteiro que traçou no vazamento de sua conversa com Sérgio Machado é de rara sensibilidade e visão. Tudo vai se confirmando.
Lembre-se:
Jucá: Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. (…) Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
Machado: Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.
Jucá: Só o Renan que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
Machado: É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
Jucá: Com o Supremo, com tudo.
Machado: Com tudo, aí parava tudo.
Jucá: É. Delimitava onde está, pronto.
Diante disso, por que alguém se espantaria diante de um fulgurante encontro de surubeiros transmitido ao vivo na GloboNews? Ora. Se você entrou nessa brincadeira, ainda que involuntariamente, tem que saber que ninguém é de ninguém.