A ex-companheira de Jô Soares, Flávia Pedras Soares, contou no velório do humorista que ao entrar no hospital, já muito fraco, um médico perguntou a ele se havia alguma visita que não queria receber. A resposta veio imediata, acompanhada de um sorriso: “Só o Bolsonaro”.A informação é de Juca Kfouri, do UOL.
Jô sempre se posicionou contrariamente ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Depois que assumiu o cargo no Palácio do Planalto, Bolsonaro foi destinatário de algumas cartas abertas ao chefe do Executivo, enviadas sob a forma de coluna na Folha de S.Paulo e nas quais o artista se autodenominava “influencer analógico”.
Em uma delas, o apresentador chama Bolsonaro de “o rei dos animais”. “Meditei muito, passei a noite sem dormir, mas antes de apagar a luz estava começando um filme da Metro com aquele rugido característico: para mim, aquela mensagem foi decisiva. Pude finalmente dormir em paz: a sua definição é perfeita, Vossa Excelência é o leão. Vossa Excelência é o rei dos animais!”, disse Jô.
Em outra ocasião, totalmente escrita em francês, língua falada com fluência pelo humorista, ele ironiza a escolha de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, para embaixador do país nos EUA e ainda relembra fatos históricos nos quais ditadores nomeavam familiares despreparados para cargos públicos. “Quel idê genial de nomé vostre fils come ambassadeur”.
Em outra Jô Soares comenta, no auge da pandemia, a obsessão de Bolsonaro pelo kit covid: “A ciência continua a negar a eficácia desses medicamentos contra a Covid-19. A ciência? Ora, a ciência… Que valor tem ela diante da sua imperial ignorância?”, pergunta o humorista.