Em publicação nas redes, o professor de sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Michel Gherman falou sobre a declaração antissemita do comentarista José Carlos Bernardi, da Jovem Pan.
Nesta terça-feira (16), Bernardi associou o sucesso econômico da Alemanha ao Holocausto, quando cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados pelo nazismo.
“É só assaltar todos os judeus que a gente consegue chegar lá. Se a gente matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico dos judeus, o Brasil enriquece. Foi o que aconteceu com a Alemanha pós-guerra”, disse ele.
Gherman, que é judeu e diretor acadêmico do Instituto Brasil-Israel, detonou a fala do sujeito.
Leia a resposta do pesquisador:
Essa fala do “comentarista cristão” José Carlos Bernardi resume muito bem o negacionismo histórico que tomou esse país de assalto em 2018. Além da ignorância completa dos processos do pós-guerra, típica de um analfabeto em História, o sujeito incorpora referências do antissemitismo.
Me explico: para essa nova extrema direita, o conceito de genocídio não existe. Assim, o Holocausto teve razões objetivas, que eles inventam.
No caso, o cara da Jovem Pan incorpora as lógicas do antissemitismo mais escroto, diz que o assassinato de milhões de judeus tem relação com o dinheiro que eles teriam.
O sujeito incorpora referências do “judeu rico” para justificar suas teses mirabolantes. Filhas do “nazismo de esquerda”, essas bobagens transformam o genocídio dos judeus em um detalhe, igual ao negacionismo da Shoá (Holocausto) mais clássico.
Esse negacionismo, entretanto, é mais perigoso ainda, porque se coloca como racional e posa de “amigo dos judeus”.
Seria cômico se não fosse trágico. Bolsonaro compartilha disso. Sempre compartilhou.
Agora não esperem ondas de indignação vindas das entidades judaicas. Muitas delas se converteram a essas perspectivas. Temos hoje setores da comunidade judaica que são negacionistas da Shoá. Uma jabuticaba podre. Sorte que os judeus pela democracia estão aí pra desafiar essas loucuras.
Essa fala do "comentarista cristão" Jose Carlos Bernardi resume muito o negacionismo histórico que tomou esse pais de assalto em 2018. Além da ignorância completa dos processos do pós guerra, típica de um analfabeto em História, o sujeito incorpora referencias do antissemitismo. pic.twitter.com/E6sfho4d3h
— Michel Gherman (@michel_gherman) November 16, 2021