O juiz Danilo Pereira Júnior foi aprovado pelo Conselho de Administração do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) para assumir a 13ª Vara Federal de Curitiba, que lida com os processos remanescentes da Operação Lava Jato no Paraná. Esta decisão unânime ainda aguarda publicação oficial.
Pereira Júnior, que entrou na Justiça Federal por concurso público em 1996, foi escolhido para a titularidade da vara anteriormente ocupada por Sergio Moro, seguindo o critério de antiguidade. Com experiência como juiz auxiliar no gabinete do ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal), ele atualmente é titular da 12ª Vara Federal.
Já atuou substituindo membros do TRF-4 e participou da análise de recursos ligados à Lava Jato. Em janeiro de 2019, negou um novo interrogatório ao presidente Lula, pedido pela defesa do petista. Em novembro daquele mesmo ano, assinou a soltura de Lula no bojo da decisão do STF sobre prisão apenas após o trânsito em julgado de um processo.
Além disso, Pereira Júnior participou do julgamento na 8ª Turma do TRF-4 que declarou a suspeição do juiz Eduardo Appio. Em setembro, ele e outros colegas acolheram um pedido do MPF (Ministério Público Federal) para reconhecer a suspeição de Appio em todos os processos derivados da Lava Jato, declarando a nulidade de todos os atos praticados por ele nestes processos. Porém, essa decisão foi posteriormente anulada pelo ministro Dias Toffoli, do STF.
Danilo Pereira Júnior é muito próximo de Moro e da bancada lavajatista do TRF-4, especialmente dos integrantes da 8ª Turma do tribunal, onde foi desembargador substituto.
Em 2020, diálogos divulgados pelo Intercept indicaram que a Lava Jato atuou nos bastidores para garantir um juiz aliado na 13ª Vara quando Moro anunciou que seria ministro da Justiça: Pereira Júnior.
Ele era o preferido dos procuradores, mas estava impedido de assumir devido ao regimento interno do TRF-4. Luiz Antônio Bonat acabou assumindo a posição.
“Caros, vamos visitar as pessoas que seria bom que assumissem a 13ª Vara para convencê-las. Vou levantar nomes bons e convidar quem puder pra irmos estimular. Isso é crítico para nosso futuro”, disse Dallagnol aos colegas em 9 de janeiro.
O juiz Eduardo Vandré foi considerado péssimo por ele. “O risco é a posição 6, o Vandré. Precisamos de um coringa, alguém que se disponha a vir até o número 5 e renuncie se o Vandré se inscrever”, falou.
Januário Paludo achava que Vandré “era PT” e “não gosta muito do batente”. Por conta do regimento interno do TRF 4, no entanto, Pereira Júnio estava impedido de assumir o cargo, já que chefiava uma vara com a mesma especialidade daquela em que Moro atuava.
Isso não impediu a turma da Lava Jato de cogitar convencer o então presidente do tribunal, o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, a autorizar a candidatura.
Eduardo Appio, anteriormente na Vara da Lava Jato, assumirá a 18ª Vara Federal de Curitiba após um acordo que evitou punições em um processo disciplinar contra ele.