Por Fernando Brito em seu blog Tijolaço.
A verdade é uma planta que brota apenas quando os cúmplices na hipocrisia entram em conflito.
A Anamatra, uma das associações que se transformou em “sindicato dos juízes” divulgou nota oficial em que ataca a mídia e manifestando o seu “mais veemente repúdio a reportagens e editoriais publicados desde o último sábado (10/2), em jornais, blogs e revistas de circulação nacional, que sugerem o percebimento de verbas indevidas no ano de 2017 por juízes de todo o país”.
E parte para a argumentação do “roto falando do esfarrapado”, dizendo que as empresas de comunicação fraudam a legislação trabalhista usando a “pejotização”:
“A condição de transparência dos dados financeiros e fiscais do Poder Judiciário e de seus agentes é superior, por exemplo, à de muitas das empresas de comunicação. Algumas dessas empresas têm criticado diuturnamente o Poder Judiciário, destilando o mais obtuso moralismo hipócrita, enquanto mantêm em seus quadros dezenas ou centenas de empregados “pejotizados”, que prestam serviços como pessoas físicas mas são remunerados como pessoas jurídicas, o que solapa os direitos sociais de seus profissionais, por um lado, e autoriza, por outro, isenção previdenciária e duvidosos benefícios fiscais em sede de imposto de renda”.
Uai, excelências, o que faltou até agora para que instassem o Ministério Público a fazer uma investigação ampla sobre isso? O medo dos “pejoteiros” que fazem a opinião pública como jornalistas e que são “empresas” de comunicação subcontratadas, sem que o leitor saiba disso?
O que não se diz por consciência, que é permanente, mas como conveniência, que é ocasional, fica soando a casuísmo.
Os magistrados dizem que “ocupa-nos, agora, saber que inconfessáveis interesses animam essa súbita campanha de pública difamação. O cidadão de bem já terá percebido, certamente, o que é uma campanha orquestrada por determinados segmentos da mídia, distinguindo-a do que possa ser, a respeito, autêntico jornalismo. ”
Dão a todos, portanto, o direito de pensar que “inconfessáveis interesses animam essa súbita campanha” de moralidade e de “respeito às decisões judiciais’.
Agora, quando o julgamento moral passa a ser mais importante que o legal, que não se reclame de que suas excelências tenham recebido centenas de milhares de reais e queriam ser juízes da moral alheia?
É triste dizer, excelências, mas a lama suga a todos, como areia movediça.