A Justiça Eleitoral determinou que o jornal Plural, de Curitiba, retire do ar três matérias e cinco postagens do Instagram sobre a coação a servidores municipais da prefeitura de Curitiba.
Na última terça-feira, o site publicou áudios de uma reunião em que o superintendente de Tecnologia da Informação da prefeitura, Antonio Carlos Pires Rebello, exigia que servidores adquirissem cotas de R$ 750, R$ 1.500 e R$ 3 mil para um jantar em apoio ao candidato Eduardo Pimentel (PSD), atual vice-prefeito apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos áudios, Rebello diz que “recebeu uma incumbência” e que “não tem como não fazer”. Segundo ele, o secretário municipal de Administração, Alexandre Jarschel de Oliveira, havia “recebido o pessoal da campanha do Eduardo” e ficou responsável pela venda de 150 convites. A prefeitura exonerou Rebello e disse que ele coagiu os servidores “a partir de um julgamento pessoal”.
O jantar reuniu cerca de 2 mil pessoas, no dia 3 de setembro, no restaurante Madalosso, em Curitiba, com as presenças do governador Ratinho Júnior (PSD) e do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD).
Nesta quinta-feira (3), o juiz Marcelo Mazzali, da 4ª Zona Eleitoral de Curitiba, determinou a retirada das matérias do ar, inclusive uma sobre uma recomendação do Ministério Público do Trabalho para a prefeitura se abster de coagir servidores.
Mazzali deu o prazo de quatro horas para a retirada, sob pena de multa diária de R$ 5 mil. O jornal ainda fica impedido de citar a coação, sob pena de multa de R$ 10 mil.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo emitiu a seguinte nota:
“É lamentável que a coligação tenha buscado o Judiciário e ainda mais que tenha encontrado respaldo na magistratura. No período eleitoral é justamente quando a população precisa ser mais informada. O projeto Ctrl X, da Abraji, mostra claramente que os pedidos judiciais de remoção de conteúdo disparam neste momento, impulsionados por políticos que se sentem desconfortáveis com publicações. No caso recente de Curitiba, ao que tudo indica, todas as informações são verdadeiras e ensejam profunda investigação, inclusive para apurar outras implicações. Esperamos que essa decisão judicial seja revogada o mais breve possível”.