Justiça dá 72 horas para USP matricular aluno em medicina

Atualizado em 5 de abril de 2024 às 15:08
Alison dos Santos Rodrigues, 18, teve a autodeclaração racial negada pela USP. Foto: reprodução

Nesta sexta-feira (5), o juiz Danilo de Paula, da 2ª Vara de Cerqueira César, decidiu que a Universidade de São Paulo (USP) deve garantir a matrícula de Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, que teve sua vaga em medicina negada por não ser considerado pardo. Segundo a Folha de S.Paulo, a USP tem um prazo de 72 horas para cumprir a decisão liminar, que pode ser contestada.

Alison conquistou a aprovação em medicina na primeira chamada do Provão Paulista, um vestibular exclusivo para estudantes da rede pública. Ele concorreu pela reserva de vagas para candidatos egressos da rede pública e autodeclarados PPIs (pretos, pardos e indígenas).

Apesar de ter se identificado como pardo, a comissão de heteroidentificação da USP discordou de sua autodeclaração. Após uma breve análise fotográfica e uma entrevista virtual de cerca de um minuto, a banca decidiu que ele não se enquadrava na categoria racial declarada.

Universidade de São Paulo. Foto: reprodução

O juiz considerou a argumentação da USP é “genérica, sem referência específica às condições do candidato e em aparente contradição com as fotografias trazidas aos autos”. Ele também levantou a possibilidade de Alison ter sido prejudicado pela avaliação virtual, já que não teve a oportunidade de ser analisado presencialmente, como acontece com os candidatos selecionados pela Fuvest.

“Com efeito, a avaliação presencial poderia ter surtido resultado diverso, à medida que condições de iluminação e definição de equipamentos eletrônicos podem gerar distorções. Há, destarte, probabilidade do direito invocado”, diz a decisão do juiz.

Alison não foi o único candidato a ter sua autodeclaração negada pela USP neste ano. Apenas entre os aprovados na primeira chamada, 204 contestaram a decisão da universidade.

A USP defende que a avaliação online visa evitar prejuízos aos candidatos de fora de São Paulo, já que realizar avaliações presenciais “demandaria um calendário de bancas de heteroidentificação incompatível com o calendário dos vestibulares do Enem, das universidades paulistas e do Provão Paulista”, alega a Universidade.

“Teríamos muitos candidatos viajando para São Paulo sem matrícula efetivada e sem uma resposta definitiva das bancas de heteroidentificação, o que acarretaria prejuízo para os candidatos”, justificou a universidade, em nota.

Apesar dos argumentos da USP, o reitor Carlos Carlotti Junior se comprometeu a “corrigir e aprimorar” o sistema de averiguação da autodeclaração, garantindo que todos os candidatos sejam avaliados presencialmente.

Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link