A Justiça decidiu pela falência da Livraria Cultura nesta quinta (9). A decisão é do juiz Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, que alegou que o grupo não conseguiu superar sua crise econômica e seu plano de recuperação judicial vinha sendo descumprido. A informação é da Folha de S.Paulo.
A livraria apontou altos custos de produção, queda na demanda por livros, falta de interesse por leitura e a crise econômica do Brasil como principais motivos de problemas financeiros. A empresa já estava sob risco de ter a recuperação judicial transformada em falência desde 2020, quando credores rejeitaram seus planos para quitar dívidas e voltar a ser solvente.
“É notório o papel da Livraria Cultura. E não apenas para a economia, mas para as pessoas, para a sociedade, para a comunidade não apenas de leitores, mas de consumidores em geral. É com certa tristeza que se reconhece, no campo jurídico, não ter o grupo logrado êxito na superação da sua crise”, escreveu o magistrado na decisão.
Segundo o juiz, créditos trabalhistas que deveriam ter sido pagos até junho de 2021 seguiam em aberto. Os relatórios mensais de atividades, feitos por administradoras judiciais, foram prejudicados por falta de envio de documentos e pela falta de pagamento de honorários.
Ele aponta ainda que a administradora judicial nomeada no caso relatou indícios de fraude em movimentações financeiras realizadas por sócios da livraria e credores diziam que o grupo seguia inadimplente.
“A recuperação foi pensada para socorrer apenas os devedores que realmente demonstrarem condições de se recuperar, posto que o seu processamento deve amparar somente devedores viáveis”, afirmou Monteiro Filho.
Em seu pedido de recuperação judicial, a Livraria Cultura declarou ter R$ 285,4 milhões em dívidas. O juiz determinou na decisão que sejam identificados bens, documentos e livros nas próximas 48 horas. Os ativos financeiros e contas em nome da livraria deverão ser bloqueadas.