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Por Alexandre Aguiar
Ronaldinho na cadeia – Situação de Ronaldinho e seu irmão Assis, presos ontem por autoridades paraguaias e conduzidos a um presídio, é muito mais complicada do que parece. Vai ao fundo da mistura de ilegalidade e poltica dominante no Paraguai.
Autoridades paraguaias trabalham com hipótese de que os documentos falsos são apenas parte de um “esquema criminoso” que vai muito além e que incluiria uma “máfia” de falsificadores e delitos de maior gravidade e complexidade que serão investigados por uma unidade especializada.
A principal suspeita é sobre lavagem de dinheiro. A Procuradora-Geral do Ministério Público do Paraguai Sandra Quiñonez trocou de mãos o caso e colocou as investigações de Ronaldinho a cargo do fiscal (promotor) Omar Legal, da unidade de lavagem de dinheiro e especialista no tema.
O promotor Omar Legal pediu à Subsecretaria de Estado e Tributação (Receita) e à Secretaria de Prevenção de Lavagem de Dinheiro informações fiscais sobre diversas pessoas. O requerimento tem como mira central Dalia López, presidente da Fundação Fraternidad Angelical.
Dalia López, suposta empresária, é uma mulher com vastas conexões políticas e tem uma fortuna de origem duvidosa, que já levantava suspeitas no Paraguai. O pedido de informações fiscais inclui seu filho Héctor Manuel D’Ecclesiis, ligado ao deputado paraguaio Freddy D’Ecclessis.
Também constam do pedido de informações fiscais Luis Alberto Gauto, sócio de Dalia em empresas que operam no Aeroporto Silvio Pettirossi de Assunção e dois cidadãos brasileiros até agora não citados e sobre os quais nada se sabe: “Tiago Silva Tristoa e Paula Oliveira Lira” (sic).
As empresas de Dalia López são investigadas já faz meio ano pela Receita paraguaia. Movimentaram 10 milhões de dólares em cinco anos “sem ter capacidade operacional”. Haveria operações fraudulentas de comércio de eletrônicos para evasão, sonegação e lavagem de dinheiro.
Fundação Fraternidade Angelical anunciou ter trazido Ronaldinho para lançar livro e programa de saúde infantil. Tal fundação não tem site, redes sociais ou contato, sendo desconhecida até ter explodido o escândalo. Só se encontrou uma página no Facebook “Ronaldinho en Paraguay”.
Dalia López transitava na elite e até foi fotografada junto ao presidente Marito Abdo. Aportava dinheiro para clubes, organizações e eventos, vendendo-se como filantropa. Participou de vários atos públicos com políticos do Paraguai, onde a corrupção é endêmica.
Dalia, além da fundação, preside a Permanent Oriental Holding S.A., que nos registros oficiais possui diversas atividades, da pecuária a importação de autopeças. O vicepresidente é Luis Alberto Gauto, que também figurou na lista de pessoas que recebeu Ronaldinho no aeroporto.
Dalia tem vínculos muito antigos também com o Partido Colorado (ANR), da direita paraguaia. Seu secretário particular é da poderosa família de políticos colorados, os Vázquez, do ex-deputado Juan José Vázquez e a também parlamentar Perla de Vázquez.
Seu secretário José Luís Vasquez, conhecido como Moreno Váquez, apareceu em rumoroso vídeo de 2017, com pilhas de dinheiro e munição, vestindo uma camisa com o dizer “HC” ou “Honor [honra] Colorado”. No vídeo afirma: “Vamos fazer dólares”. (Com informações do ABC e Última Hora).