Reportagem de Carolina Linhares na Folha de S.Paulo informa que a Justiça de Minas Gerais determinou que o publicitário Marcos Valério seja transferido da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) de Sete Lagoas (MG) para o presídio Nelson Hungria, em Contagem (MG). Segundo o advogado Jean Kobayashi, Marcos Valério deu entrada no presídio no fim da tarde, mas a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) não confirma que a transferência já foi feita.
De acordo com a publicação, a juíza Marina Brant, da Vara de Execuções Penais da Comarca de Sete Lagoas, requisitou a transferência com urgência nesta sexta (21). Marcos Valério foi transferido para a Apac em julho do ano passado, como parte do acordo de delação firmado com a Polícia Federal. A Apac é conhecida por ter um ambiente de prisão mais humanizado e, na Nelson Hungria, onde estava antes, o publicitário relatou ter tido o punho quebrado por um agente penitenciário.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais não deu informações sobre a transferência. A Seap informou que foi notificada, mas também não divulgou as razões da medida. A defesa de Marcos Valério afirmou que ainda não teve conhecimento sobre o motivo que levou à transferência. De acordo com a defesa, no entanto, a juíza pode ter concluído que Marcos Valério corria risco na Apac. Nesta semana, em depoimento à Polícia Civil, em outro acordo de delação, o publicitário afirmou ter sido extorquido e também mostrou marcas de uso de algemas apertadas.
Nesta semana Marcos Valério passou mal e foi submetido a uma consulta que indicou suspeita de linfoma. O publicitário já tratou esse tipo de câncer em 2012, e a doença pode ter retornado. Novos exames foram marcados para segunda (24) para confirmar o diagnóstico. Marcos Valério cumpre pena de 37 anos de prisão por participação no mensalão desde 2015. Neste ano, foi condenado a mais 16 anos de prisão pelo mensalão tucano, completa a Folha.
PS: O DCM apurou que Marcos Valério foi transferido agora à noite para a penitenciária. O diagnóstico de câncer está confirmado e Marcos Valério disse à família que teme morrer.
Marcos Valério, em duas delações ainda não homologadas, detonou o esquema de corrupção de lideranças do PSDB, com a semi-privatização da CEMIG em 1998, esquema que envolveria autoridades do Judiciário de Minas e nas cortes superiores em Brasília.
Um médico amigo da família disse que Marcos Valério, em razão da gravidade da doença, tem poucas chances de sobrevivência na penitenciária Nelson Hungria. Tudo indica que o câncer é o tipo B agressivo. O tratamento seria quimioterapia e transplante de medula. A chance de recuperar é de 40% se tiver o tratamento adequado, que não é possível nem na Apac.
Para a família de Marcos Valério, a transferência equivale a uma pena de morte.