‘Lágrimas de crocodilo’: a bravura intelectual do judeu Norman Finkelstein ao denunciar os crimes de Israel

Atualizado em 28 de outubro de 2023 às 16:45
Norman Finkelstein

Um vídeo de 2008 de uma palestra do cientista político judeu Norman Finkelstein viralizou nas redes com o massacre de Israel em Gaza.

É um monumento de coragem intelectual e bravura moral. Ele tem “chutzpah” — a palavra em iídiche para “audácia” ou “atrevimento”. 

Você não verá nada remotamente parecido com isso na academia brasileira, onde professores fogem de alunos em universidades e ainda saem bravateando que “olharam o fascismo nos olhos”, ou qualquer idiotice parecida.

Finkelstein responde a uma acusação de antissemitismo feita por uma jovem emocionada na plateia. “Durante o seu discurso, você fez várias comparações aos judeus e também a certas pessoas aqui na plateia — não os judeus em geral, mas sobretudo os que estão aqui na plateia — com nazistas. Isso é extremamente ofensivo para as pessoas que são alemãs e também para as pessoas que sofreram sob a guerra nazista”, ela reclama.

Finkelstein vai na medalhinha: “Eu não respeito mais isso. As lágrimas de crocodilo. Meu falecido pai foi enviado para Auschwitz. Minha falecida mãe foi enviada para o campo de concentração de Majdanek. Todos os membros da minha família, de ambos os lados, foram exterminados. Os meus pais participaram do Levante do Gueto de Varsóvia. E por causa das lições que meus pais ensinaram, eu não vou ficar em silêncio enquanto Israel comete seus crimes contra os palestinos. Usar o sofrimento e o martírio deles para tentar justificar os crimes de Israel é desprezível. Se você tivesse um mínimo de compaixão, estaria chorando pelos palestinos. Não por você mesma.”

Nascido em Nova York, graduado em ciências sociais pela Universidade de Nova York e doutor em Ciência Política pela Universidade Princeton, Filkelstein incomoda o establishment há décadas. Antissionista, é autor de “A indústria do Holocausto”. Foi expulso da Universidade DePaul, em Chicago, e, em 2008, proibido de entrar em Israel, restrição que durou até 2018.

A acusação é a preferida dos covardes: antissemitismo (cascata). Escreveu também “Peace, Not Apartheid” (“Paz, Não Apartheid”), “The Ludicrous Attacks on Jimmy Carter’s Book” (“Os Ataques Ridículos ao Livro de Jimmy Carter”) e “Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History” (“Além da Audácia: Sobre o Uso Indevido do Antissemitismo e o Abuso da História”).