Publicado originalmente no blog do autor
Ninguém mandou Alexandre de Moraes mexer com a turma da Lava-Jato e ferir os interesses dos procuradores que se submetiam às ordens de Sergio Moro.
Um grampo feito pela Polícia Federal em 2015 dá o troco. A Folha divulga hoje conversas comprometedoras de Moraes, que atuava informalmente (e ilegalmente) como advogado do desembargador Alexandre Victor de Carvalho, enquanto era secretário da Segurança Pública de São Paulo.
Moraes promete todos os lobbies possíveis com ministros do Supremo para livrar a cara do sujeito denunciado por empregar parentes.
Alexandre de Moraes não poderia ser advogado do homem, porque era secretário de Segurança. E as conversas com o cliente mostram a promiscuidade disseminada no Judiciário. Nenhuma novidade.
O que importa é saber que história é essa de divulgar agora grampos de 2015. De onde saíram os vazamentos de grampos feitos pela Polícia Federal agora sob o comando de Moro.
A conclusão óbvia é esta. A PF manteve os grampos sob sigilo nos governos de Dilma e do jaburu, mas agora achou bom soltar tudo.
Por que as conversas foram divulgadas agora? Ou a PF não tem nada com isso? Quem facilitou o acesso aos grampos? A Folha fala em “relatório da PF”.
No caso do hacker que pegou as conversas de Moro e de Dallagnol, a PF agiu com rapidez e descobriu tudo.
Com os vazamentos de hoje, alguém está dizendo aos envolvidos: no jogo sujo dos grampos, continua valendo toda a podridão possível.
E o vazador avisa: pode ter mais. Contra outros ministros do Supremo em guerra com os procuradores da Lava-Jato e Moro? Contra quem?
A Lava-Jato pode ter decidido ir para a batalha final contra seus inimigos.