O ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol distorceu a decisão da Justiça suíça de declarar ilegal o envio de um documento por procuradores do país para a Lava Jato sobre a Odebrecht e transformou a notícia em algo positivo para a operação. As informação são dos colunistas Jamil Chade e
No dia 20 de janeiro de 2016, o então procurador suíço Stefan Lenz enviou mensagens aos procuradores brasileiros revelando “más notícias” sobre a transferência de documentos bancários que estavam sendo usados na Lava Jato.
Lenz também informou que a Justiça suíça havia declarado a transferência dos documentos como “ilegal” e que a Odebrecht havia obtido uma decisão favorável, freando o uso dos documentos por alguns meses.
Vale destacar que a Justiça suíça daria, mais tarde, ganho de causa para o envio e uso dos extratos bancários, no que foi o momento divisor de águas na Operação Lava Jato.
Preocupados com a “má notícia”, Deltan e sua equipe pretendiam fazer parecer que a decisão da Justiça suíça não teria impacto na investigação brasileira. O objetivo era minimizar a derrota e construir uma narrativa que permitisse à Lava Jato continuar sua atuação de forma “positiva”.
A estratégia incluía a colaboração com a imprensa para disseminar “informações favoráveis” e “desviar o foco” da notícia negativa. Dallagnol, por sua vez, sugeriu que a equipe poderia apresentar uma teoria alternativa para justificar o uso dos documentos, chamando-a de “descoberta inevitável”
No dia 2 de fevereiro, os procuradores brasileiros informariam aos suíços sobre a decisão dos advogados da Odebrecht de repassar a decisão para a imprensa. Em seguida, os procuradores brasileiros enviaram no grupo o comunicado de imprensa que tinham elaborado.
Na versão construída, não havia qualquer referência às preocupações que os membros da Lava Jato exprimiam nas conversas confidenciais, nem sobre a obtenção de informações por fora dos canais oficiais. As conversas pelo Telegram estão nos arquivos da operação Spoofing.