Lava Jato tira o Brasil da liderança no ranking da construção civil na América Latina

Atualizado em 18 de outubro de 2019 às 17:39

Publicado no Monitor Digital

Procuradores da Operação Lava Jato

POR MARCOS DE OLIVEIRA

Em duas ocasiões, recentemente, falamos dos prejuízos ao Brasil causados por uma política equivocada, de viés ideológico, que alijou as empresas brasileiras das grandes obras de engenharia, especialmente na América Latina, região em que o potencial, pela proximidade, é maior. A decisão do BNDES de paralisar o programa de financiamento de exportação de serviços levou à suspensão de repasses no valor de US$ 11 bilhões de projetos já aprovados. É mais um efeito – perfeitamente evitável – da Lava Jato e da fúria contra as empreiteiras, que fez desabar o setor no Brasil, com perda de centenas de milhares de empregos.

O resultado pode ser visto no ranking com as 50 maiores empresas de engenharia e construção da América Latina, conhecido no mercado como CLA50, publicado pela revista Construção Latino-Americana (CLA) desde 2011. Pela primeira vez, as empresas brasileiras que integram o índice não conseguiram manter o Brasil no topo. Com faturamentos somados de apenas US$ 5,44 bilhões, as companhias nacionais ficaram atrás das chilenas, que somaram US$ 6,06 bilhões na lista de 2019 (com base no faturamento do ano passado). Em 2015, a participação brasileira no CLA50 foi de US$ 36,5 bilhões.

No vácuo criado pela Lava Jato, entraram empresas europeias. A espanhola Sacyr ficou com o segundo posto, e a portuguesa Mota-Engil se colocou em quarto, três posições acima do ranking anterior. A América Latina foi a região que mais contribuiu para o faturamento do grupo (38%).

A Odebrecht que sempre liderou o levantamento, perdeu a posição para a chilena Sigdo Koppers e nem aparece entre as dez mais. Brasileiras, no Top 10, só a MRV Engenharia (terceira) e a Mendes Júnior (sétima).

Latinos doloridos

A dor crônica afeta um em cada dez adultos no mundo. Na América Latina, estima-se que três em cada dez pessoas sofrem desta condição. Isto deve querer dizer alguma coisa, só não sei o quê.

A propósito, 17 de outubro é o Dia Mundial de Combate à Dor.

Efeito colateral

Ramón Fonseca e Jürgen Mossack, os fundadores do escritório de advocacia que está no centro dos Panama Papers, são os alvos de uma investigação federal nos Estados Unidos, de acordo com novos documentos judiciais que vieram à tona a partir de uma tentativa dos fundadores do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca de interromper a transmissão, pelo Netflix, do filme The Laundromat, que deve chegar às telas nesta sexta-feira. A obra é inspirada nos Panama Papers, baseada em um livro do repórter Jake Bernstein.

Filho pródigo

O Refis criado pelo Governo Bolsonaro apenas para inscritos na Dívida Ativa e classificados nas piores posições (C e D) parece punição para quem deve, mas não está falido nem dilapidou o patrimônio. Desse jeito, volta à mesa a máxima de Delfim Netto: dívida nova a gente deixa ficar velha e dívida velha a gente não paga.

Garrote

Enquanto o estoque de crédito para grandes empresas caiu 10,2% entre 2015 e 2018, o estoque para micro, pequenas e médias empresas teve recuo acumulado de quase 50%. Os dados são do Banco Central.

 

Para mais jornalismo econômico a favor do brasil, siga o Monitor no twitter.com/sigaomonitor.