Legado de Silvio Santos na TV é de como ganhar dinheiro com lixo, bajulando ditadores e tiranetes

Atualizado em 17 de agosto de 2024 às 21:01
O ditador Figueiredo recebe o puxa-saco Silvio Santos

Silvio Santos morreu aos 93 anos, na madrugada deste sábado (17/8), após ser internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

De mortuis nil nisi bonum. “Dos mortos só se diz o bem”, segundo o ditado latino. Muita gente boa o está incensando como “renovador” da televisão. Como Delfim Netto, está sendo canonizado.

Silvio nunca renovou nada. Fez sucesso durante décadas com o mesmo programa de auditório e as mesmas piadas ruins, que com o tempo passaram a ser constrangedoras (por onde andará Pablo, do “Qual é a música”?).

Pôs na grade o “Aqui e Agora”, criando o filão da violência policial como espetáculo.

Odeia jornalismo e deu voz a uma coleção de boçais de extrema-direita. Rachel Sheherazade, hoje regenerada, foi só um deles. Abrigou o fascista Danilo Gentili e o repugnante Ratinho.

Judeu, promoveu um tal Marcão do Povo, que, no programa “Primeiro Impacto”, sugeriu ao então presidente Jair Bolsonaro, ao vivo, a criação de um “campo de concentração” para isolar os doentes de Covid-19.

A lista é interminável.

Silvio Santos e Bolsonaro

Puxou o saco de todos os presidentes, mas sempre se sentiu à vontade de fato com ditadores e tiranetes delinquentes como Bolsonaro.

A concessão da TVS, primeiro nome do SBT, foi outorgada a Silvio durente o governo do ditador João Figueiredo. Em seguida, o apresentador lançou um programa destinado a promover as realizações do sujeito. “A Semana do Presidente” durou mais de vinte anos.

Funcionava como propaganda patrocinada pelo contribuinte para divulgar as ações governamentais. No regime militar, serviu como mais uma ferramenta para fomentar o ufanismo e elevar a popularidade da ditadura.

Seu legado na TV é um lixo. Em 2017, ele fez uma “confissão” ao vivo.

“Sabe como é, a memória está acabando. Aliás, não é só a memória que está acabando não. Acabou o cabelo… o cabelo não, que eu ainda tenho um pouco, mas tenho que pintar. Dentadura? Postiça, é claro. Sexo? Não existe mais. Não sei para que eu estou vivendo”, falou.

Ele sabia a resposta: para ganhar dinheiro à custa da ignorância do público. Fez isso até morrer.