Leia a carta do grupo de 38 economistas que pede voto em Lula no 1º turno

Atualizado em 27 de setembro de 2022 às 17:35
O ex-presidente Lula e seu vice, o ex-governador Geraldo Alckmin, se reuniram com políticos que já foram candidatos à Presidência nesta segunda-feira (19), em São Paulo

Por meio de uma carta-manifesto, um grupo de 38 economistas pede o voto útil no ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições deste ano.

Os economistas são ligados a instituições de ensino como Fundação Getúlio Vargas (FGV), Insper, PUC-Rio e universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido. O pesquisador do Insper Michael França e a professora Laura Carvalho, da USP, estão entre os signatários do documento.

Na carta, o grupo detona a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) em áreas como saúde, educação e meio ambiente, e afirmam ver o risco de ruptura institucional da democracia no Brasil.

“Alguns de nós tivemos e temos diferenças profundas com o projeto realizado e por vezes defendido por Lula. Há entre nós aqueles que sempre votaram na esquerda, há aqueles que pela primeira vez o farão”, diz o manifesto.

“Há os que votam em Lula por conta de sua agenda econômica e os que votam com ressalvas a essa agenda, mas todos reconhecemos que, em qualquer base de comparação, os resultados econômicos, sociais e institucionais de seu governo são incomparáveis com descalabro promovido por Bolsonaro”.

Os economistas dizem que possuem “sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT”, mas reconhecem que o voto útil no petista é a única chance de derrotar o atual governo, “um atraso maior”.

Leia na íntegra:

Neste momento crítico da história brasileira, nós, abaixo-assinados/as, economistas que sempre nos posicionamos em favor da estabilidade econômica, do fortalecimento das instituições e da justiça social, nos manifestamos em apoio à candidatura do ex-presidente Lula, já no primeiro turno.

As ações e a inépcia do atual governo causaram um desastre no processo de desenvolvimento institucional e socioeconômico do país, afetando dramaticamente o bem-estar da população brasileira.

O presidente promoveu o desmonte do aparato de fiscalização de crimes ambientais, incentivando o desmatamento acelerado e causando uma grave deterioração do meio-ambiente e a depreciação de nosso capital natural.

A política de saúde foi calamitosa, o governo federal não coordenou os esforços do SUS e a gestão da pandemia contribuiu para dezenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. O presidente, ainda nesse contexto, demonstrou total falta de empatia com as pessoas que sofriam com a morte de entes queridos pela Covid-19.

Não houve qualquer avanço na política educacional, que passou a ser pautada por ideologia, ocasionando retrocesso no aprendizado de crianças e adolescentes, em particular durante a pandemia e principalmente entre os mais vulneráveis.

A política de segurança pública se pautou por estimular a resolução de conflitos de forma individual e violenta: o acesso a armas de fogo e munições pela população foi extremamente facilitado e buscou-se estabelecer uma salvaguarda para policiais matarem, com a tentativa de aprovação da excludente de ilicitude.

Na economia, desmontou-se o orçamento federal e foram criados gastos direcionados a grupos de eleitores e interesses específicos meses antes da eleição – uma afronta às instituições eleitorais. Apesar da retórica, houve um desmonte da capacidade institucional de combate à corrupção, e várias denúncias envolvendo o atual governo, o próprio presidente e seus familiares não foram esclarecidas.

Por fim, e ainda mais importante, o atual presidente fez e continua a fazer reiteradas ameaças à democracia, agredindo o judiciário, afirmando que não respeitará os resultados da eleição e fomentando um clima de profunda instabilidade e o risco real de ruptura institucional.

Em que pesem sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT, reconhecemos no ex-presidente Lula a única liderança capaz de derrotar o atraso maior representado pelo atual governo. Viabilizar a sua vitória em primeiro turno nos parece a resposta mais contundente, segura e efetiva de proteção à democracia no Brasil, aumentando assim o compromisso do futuro governo com políticas que unifiquem o país. Votamos em Lula em prol da união de um amplo espectro de forças políticas em defesa da democracia, na esperança de que possamos ter um governo para todas e todos os brasileiros.

Amanda de Albuquerque

Bernard Herskovic

Bernardo Silveira

Bruno Giovannetti

Carlos Góes

Carolina Grottera

Cláudio Considera

Claudio Ferraz

Daniel Cerqueira

Diana Moreira

Dimitri Szerman

Emanuel Ornelas

Fernanda Estevan

Filipe Campante

Francisco Costa

Gabriel Ulysses

Joana Monteiro

Joana Naritomi

João Ramos

José Tavares de Araújo Jr

Laura Karpuska

Laura Schiavon

Marco Bonomo

Marcos Ross Fernandes

Mayara Felix

Octavio de Barros

Otaviano Canuto

Paula Pereda

Paulo Corrêa

Paulo Furquim de Azevedo

Rafael Costa Lima

Raphael Corbi

Ricardo Dahis

Rodrigo R. Soares

Rudi Rocha

Sergio Firpo

Thomas Fujiwara

Tiago Cavalcanti