Uma investidora processou Jorge Paulo Lemann e alguns dos seus sócios na 3G Capital pelos problemas na Kraft Heinz em 2019, que teve uma baixa contábil de US$ 15,4 bilhões. A empresa alimentícia é controlada pelos grupos do brasileiro e de seu amigo Warren Buffett, e o caso aconteceu quatro anos antes do rombo da Americanas. A informação é da coluna Capital no jornal O Globo.
Segundo a investidora Adriana D. Felicetti, Lemann e a 3G falharam em seu dever fiduciário com a empresa e os acionistas teriam praticado insider trading para lucrar com os papéis da Kraft Heinz antes de os problemas financeiros serem divulgados.
Ela pede reparação de suas perdas como acionista e solicita que haja ressarcimento da multa de US$ 62 milhões aplicada pela SEC (Securities and Exchange Comission, instituição que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos) contra a Kraft Heinz. A investidora ainda quer que sejam pagos US$ 210 milhões para encerrar ação coletiva iniciada por conta do escândalo e que a 3G devolva os ganhos obtidos com o suposto esquema de uso de informação privilegiada.
“Por meio desta ação, a autora procura responsabilizar os réus por violação de dever fiduciário com a Kraft Heinz e seus acionistas”, afirmam os advogados de Felicetti na ação que foi protocolada na Delaware Court of Chancery, um dos principais foros de resolução de disputas corporativas nos EUA.
Segundo o documento, Lemann e seus acionistas divulgaram informações “enganosas” e “esconderam a verdade” sobre o caso.
“Eles esconderam a verdade até que a 3G Capital se apropriasse indevidamente de informações importantes não públicas sobre o verdadeiro estado financeiro da empresa para seu benefício próprio, vendendo grande quantidade de ações ao público mal informado por mais de US$ 1,2 bilhão”, prosseguem os advogados.
A equipe da investidora está estudando o caso da Americanas para reforçar os argumentos no processo contra a 3G Capital. Outros brasileiros, além de Lemann, são acusados no processo: Marcel Telles, braço-direito do bilionário e um dos homens mais ricos do Brasil; Alexandre Behring, cofundador da empresa e ex-CEO da Kraft Heinz; e Bernardo Hees, ex-CEO de Heinz e Burger King.