O ex-policial militar Ronnie Lessa buscou dados de ministros, parlamentares, pesquisadores, artistas e ativistas de Direitos Humanos em uma plataforma de informações cadastrais da empresa “CCFácil”. Ele fez 900 consultas entre 2006 e 2018.
A lista de pessoas que tiveram os dados consultados foi entregue pela empresa ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Foi na plataforma que o ex-PM consultou os dados da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, antes do crime.
Réu confesso do homicídio de Marielle, ele pesquisou informações sobre políticos ligados ao PSOL, como o deputado Chico Alencar, Marcelo Freixo e Jean Wyllys. As consultas ligadas ao partido se intensificaram após 2017 e antes ele procurou informações sobre diferentes perfis.
Em 7 de abril de 2015, ele procurou dados de Paulo Pimenta (PT), então deputado federal. A consulta ocorreu um dia depois de uma visita ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para ouvir queixas de moradores sobre a polícia.
Poucos minutos depois, ele pesquisou informações sobre Freixo e Wyllys, que faziam parte da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, presidida por Pimenta.
Nomes de artistas, como Preta Gil e Caetano Veloso, cujas imagens são vinculadas à esquerda, também foram consultados em fevereiro de 2014 e dezembro de 2015, respectivamente. A nadadora Joanna Maranhão teve seu nome buscado na plataforma pelo ex-PM um dia depois de criticar a redução da maioridade Penal, em julho de 2015.
Também foram feitos levantamentos sobre o músico Tico Santa Cruz em 2016, dias depois de ele convocar um ato contra o impeachment de Dilma Rousseff. Wadih Damous teve dados consultados em outubro de 2013, quando era presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, e em março de 2016, quando atuava contra o golpe da então presidente.
A lista ainda inclui os pesquisadores Ignacio Cano, Julita Lemgruber e Alba Zaluar, além de João Tancredo e Carlos Nicodemos, advogados que trabalham em casos de violência policial. O delegado Orlando Zaccone, que atualmente coordena o movimento Policiais Antifascismo, teve o nome pesquisado três vezes e sua mulher, uma vez.
Além de nomes ligados à esquerda e defensores dos Direitos Humanos, ele ainda consultou informações sobre milicianos que integravam o grupo que dominava Rio das Pedras.
Os dados foram solicitados pelo MP-RJ em 2021 após agentes descobrirem anotações com login e senha para a plataforma durante apreensão na casa de Lessa. A Polícia Federal não acredita que as consultas representam alvos que o ex-PM mirava, mas o perfil de nomes que interessavam a ele.
A investigação ainda aponta que as consultas aos nomes de Marielle e Anderson foram feitas após pedido dos irmãos Brazão, presos por suspeita de serem mandantes do crime.
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