Publicado originalmente no Blog do Autor:
Se ficou ruim a situação do general medroso, ficou terrível a situação de Bolsonaro.
O ministro Ricardo Lewandowski permitiu em despacho que Eduardo Pazuello se cale sobre suas ações no Ministério da Saúde que possam incriminá-lo, no depoimento do dia 19 na CPI.
Mas não pode ficar calado sobre terceiros, ou seja, não poderá sonegar informações sobre atitudes de Bolsonaro e de outras pessoas.
Resumindo, se é que precisa. Pazuello poderá salvar a própria pele, mas talvez não consiga salvar Bolsonaro.
Dito de outra forma: para tentar se safar, Pazuello terá de incriminar o chefão. Um sujeito limitado conseguirá separar seus atos dos atos de quem o mantinha sob controle?
Em síntese, esse é o despacho:
“Concedo, em parte, a ordem de habeas corpus para que, não obstante a compulsoriedade de comparecimento do paciente à CPI sobre a Pandemia da Covid-19, na qualidade de testemunha, seja a ele [Pazuello] assegurado o direito ao silêncio, isto é, de não responder a perguntas que possam, por qualquer forma, incriminá-lo, sendo-lhe, contudo, vedado faltar com a verdade relativamente a todos os demais questionamentos não abrigados nesta cláusula”.
Bolsonaro que se prepare. Pazuello vai poder dizer na CPI o que já disse ao lado do chefe: Bolsonaro mandava e ele obedecia.